Pages

6 de jun. de 2022

Resenha: A Batalha


A batalha fluvial de Mbororé representou um importante, porém, pouco falado capítulo da história brasileira. Em 1641, povos originários davam início ao que viria a ser a derrota dos bandeirantes, durante uma tentativa de dominação dos aldeamentos jesuítas. A batalha ficou conhecida como um ato de resistência por parte dos guaranis, um dos povos originários do Brasil, no Rio Uruguai.

A Batalha, de Fernanda Verissimo e Eloar Guazzelli, conta a história desse conflito e convida o leitor a fazer uma viagem do tempo pelas páginas de um quadrinho extremamente relevante. 

"É 1756, estamos na redução de São Luís , onde se concentram as forças guaranis, reunidas por caciques que não aceitaram os termos do tratado de Madri e resolveram lutar contra as coroas ibéricas para permanecerem nas reduções. São passados mais de cem anos da batalha fluvial de Mbororé, e há iminência de um novo conflito que colocará novamente frente a frente índios guaranis e tropas espanholas e portuguesas.

Às vésperas desse embate, um cacique e um padre jesuíta contam a um menino índio sobre a vitória acontecida em 1641, quando os guaranis – fugindo dos paulistas, que buscavam escravizá-los – e alguns padres jesuítas organizam a resistência numa curva do rio Uruguai chamada Mbororé. Esta batalha decisiva é recriada de modo extraordinário pelo roteiro de Fernanda Veríssimo e o traço de Eloar Guazzelli. Serão oito dias de combate até a vitória final, quando, forçados a se embrenharem na mata, os paulistas serão caçados pelos guaranis. Prepare seu coração para entrar nessa narrativa ao mesmo tempo trágica e insurgente."


FICHA TÉCNICA
Título: A Batalha
Autores: Eloar Guazzelli e Fernanda Verissimo
Páginas: 96
Ano: 2022
Editora: Quadrinhos na Cia (Companhia das Letras)
Nota: 3,5
Compre: Amazon
Comprando por esse link você ajuda e incentiva o Nostalgia Cinza
LIVRO CEDIDO EM PARCERIA COM A EDITORA


A Batalha começa em 1756, às vésperas de uma batalha que colocará guaranis e as tropas de duas coroas europeias frente a frente. A confronto acontece mais de 100 anos após a batalha fluvial de Mbororé, que marcou a instalação definitiva dos trinta povos das missões. 


Fazendo uso de paletas de cores diferentes para representar dois momentos históricos distintos, A Batalha nos leva a 1641 e 1756. Como o jovem Inácio, um menino guarani a quem essa narrativa é contada, o leitor se vê vagando entre um passado não tão distante e um presente que se desenrola aos seus olhos. Um capítulo sépia, desbotado pela passagem do tempo dá lugar a quadros macabros, mesclando um vermelho sangrento e um preto chapado nas páginas. 

A edição da Quadrinhos na Cia, selo dedicado aos quadrinhos da Companhia das Letras conta com texto de Fernanda Veríssimo, ilustraçõe de Eloar Guazzelli e posfácio de Francisco Doratioto. 



Curta, sem muito texto e visualmente impactante, A Batalha faz uso do melhor da nona arte para apresentar dois capítulos importantíssimos da história brasileira. Um registro histórico poderoso e uma obra de arte para o leitor de quadrinhos. 

Com uma linguagem formal, característica da época em questão, o texto de A Batalha não é tão facilmente entendido. O contexto histórico apenas é mastigado para o leitor no posfácio que acompanha a edição. Recomendo pesquisar um pouco melhor sobre a história antes de mergulhar no quadrinho ou começar pelo posfácio, caso o leitor não veja problemas. 



A linguagem e a objetividade do texto original deixaram a desejar porque gostaria de ter tido mais contato com a história como um todo. Acredito que existe muito a ser explorado, seja por meio de mais páginas ou mais textos complementares, o que acabou pesando na minha nota final, o que não tira os méritos desse trabalho notável. 

Para além da história gráfica, o texto complementar de Francisco Doriatioto é um verdadeiro acréscimo à edição. Além de contextualizar as Grandes Navegações que deram início à colonização das Américas, o autor também discorre sobre o conflito entre Portugal e Espanha, o papel das missões jesuítas e sua influência no que viria a ser a batalha de Mbororé e situa o leitor a respeito dos desdobramentos que levaram a esse capítulo da história brasileira. Nas palavras de Doriatioto, "uma saga extraordinária numa curva perdida do rio Uruguai". 

PARA COMPLEMENTAR: recomendo a matéria do Aventuras na História, que se aprofunda um pouco mais na batalha fluvial de Mbororé, clique aqui

Gostou da resenha e quer outra indicação de um quadrinho histórico? Confira Radioativos, um dos meus favoritos de 2021! 


Agora também tenho um projeto no Catarse! Criei esse espacinho para conseguir me dedicar cada vez mais ao trabalho como criadora de conteúdo literário e para me aproximar ainda mais da comunidade de leitores incríveis que conheci ao longo dos anos na internet. Conheça o projeto aqui

Nenhum comentário:

Postar um comentário