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30 de set. de 2020

Resenha: Valentes


 Em meio a um momento histórico que nos obriga a repensar a forma como ocupamos o mundo, Valentes chega como um livro indispensável. Ao trazer para perto a questão do refúgio no Brasil, as mesmas autoras de Extraordinárias apresentam histórias que poderiam muito bem ser nossas. Um livro extremamente atual e imprescindível. Saiba mais na resenha de Valentes!

"Das mesmas autoras de Extraordinárias, Valentes é uma obra de referência sobre o tema do refúgio no Brasil.

A questão dos refugiados tem ganhado holofotes pelo mundo inteiro, mas o preconceito, a xenofobia, as fake news e o medo frequentemente atrapalham a discussão. Para auxiliar na compreensão desse tema tão complexo e combater a desinformação, as jornalistas Aryane Cararo e Duda Porto de Souza reuniram histórias de vida emocionantes, de pessoas de mais de quinze nacionalidades, que vieram para o nosso país pelos mais variados motivos ― desde dificuldades financeiras até perseguição baseada em raça, religião, nacionalidade, orientação sexual, identidade de gênero ou opinião política ―, todas em busca de um lugar onde pudessem de fato viver.

Com uma linguagem acessível, a obra também traça um panorama histórico do refúgio no Brasil e no mundo, apresentando conceitos e dados, e traz infográficos sobre os principais conflitos que geraram esses fluxos migratórios. O resultado é um material humano e sensível, que dá voz a quem precisa ser ouvido e celebra as diferenças que tornam nossa nação tão plural."


FICHA TÉCNICA
Título: Valentes: Histórias de pessoas refugiadas no Brasil
Autoras: Duda Porto de Souza, Aryane Cararo
Ano: 2020
Páginas: 296
Idioma: Português
Editora: Seguinte (Companhia das Letras)
Nota: 5/5
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LIVRO CEDIDO EM PARCERIA COM A EDITORA


Em 2015 a imagem de um pequeno corpo inerte na areia de uma prata turca chocou o mundo porque deu um nome para uma das milhões de vítimas das travessias responsáveis por alterar a tessitura do que entendemos como nação atualmente. Em pleno século 21 ainda fechamos os olhos para os refugiadas que constantemente aparecem para nós apenas como estatísticas nos noticiários. 

“Se de alguma forma a pandemia mostrou que estamos todos interrogados, ela também os apontou que olhar para o outro é a única forma de sobrevivermos. Ou salgados todos ou não restamos nenhum - e isso é mais do que sobrevivência da espécie, é a sobrevivência da nossa humanidade e do que entendemos por civilização.” Página 9


Valentes é um livro que chega até nós em meio a uma pandemia e a uma tentativa de isolamento em massa para nós fazer questionar a forma como ocupamos o mundo e como nos organizamos como sociedade. Valentes dá cara, nome e história para pessoas refugiadas no Brasil, nos fazendo questionar o motivo pelo qual as barreiras geográficas valem mais do que vidas, tanto aquelas perdidas, quanto aquelas que só desejam continuar. 

Desde o começo do livro somos apresentados a um leque de informações importantíssimas e extremamente relevantes. Pensamos que a questão do refúgio é algo distante demais, mas Aryane Cararo e Duda Porto de Souza trazem o assunto para perto de um jeito muito didático. Nas primeiras páginas de Valentes temos acesso a um panorama da história do refúgio no Brasil, incluindo a legislação e números a respeito da situação de pessoas refugiadas no país. Além disso, as autoras explicam as diferenças entre o conceito de migrante, apátrida e refugiado, contextualizam o ACNUR, falam sobre xenofobia não apenas em relação aos adultos, mas às crianças refugiadas, mencionam os refugiados brasileiros (sim, eles existem), abordam os feriados do clima, trazem respostas objetivas a algumas das mentiras que precisam ser combatidas, e muito mais. 


Para contar as histórias das pessoas refugiadas no Brasil, as autoras dividem Valentes em quatro partes correspondentes aos continentes Ásia, África, Europa e América Latina. Ter contato com tantas narrativas de lugares tão diferentes faz com que a gente possa entender melhor a importância de acolher refugiados e imigrantes. A humanização dessas pessoas é um dos pontos mais fortes de Valentes e, em um mundo cada vez mais polarizado e violento, poder se colocar no lugar do outro dessa forma é uma experiência necessária. 

“Espalhar histórias tão verdadeiras e únicas é a melhor maneira de promover a reflexão e, em última instância, a mudança social. Enquanto silenciamento outras pessoas, nos silenciamos também. Consequentemente, silenciamos a humanidade.” Página 11


O livro, além de fazer uso de dados e estatísticas para mostrar a atual situação dos refugiadas no Brasil, traz infográficos que explicam o conflito em cada uma das partes do mundo de onde essas pessoas migraram. É uma forma de explicar os motivos que tornaram insustentável a vida em seus países de origem. Dessa forma, além de gerar uma proximidade e identificação maior por meio da empatia, o livro também serve como uma belíssima ferramenta de conhecimento e estudo. Algo valiosíssimo. 


Na apresentação do livro as autoras dizem que “um dos esforços deste livro é tirar a questão da migração de um lugar de sofrimento e levá-la para um lugar de dignidade. Queremos mostrar que por trás das palavras “imigrantes” e “refugiados” já rostos, vidas, gente como a gente. Queremos combater a desinformação que ronda o assunto para que sejamos uma sociedade mais solidária.” E é exatamente isso que Valentes faz. 

Valentes nos apresenta histórias incríveis de pessoas extremamente corajosas e resilientes, nos deixa com um sentimento de esperança e superação mas, ao mesmo tempo, nos mostra que ainda temos um longo caminho a percorrer se quisermos nos tornar seres humanos mais empáticos. Que possamos nos abrir mais para a pluralidade de vivências e, juntos, tentarmos tornar as fronteiras meras divisões geográficas. 

Gostou da resenha e quer conhecer outro livro incrível? Então confira a resenha de O Diário de Nisha

“Este livro traça um panorama histórico dos vinte anos de existência da Lei de Refúgio, com números e dados de refugiados, além de informações sobre como o Brasil saiu de um lugar que criminalizava o estrangeiro para o posto de nação que detém uma das mais modernas legislações sobre o tema, embora sua política de acolhimento corra o risco de sofrer retrocessos. Trata-se de um material que situa, contextualiza e informa o leitor nesse mar de “achismos” e prejulgamentos em que o mundo tem navegado.” Página 13



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