Pages

21 de fev. de 2020

Série: Os audiobooks no Brasil: Auti Books


Há algumas semanas fiz a seguinte pergunta: Você já pensou em ouvir um livro? No início de fevereiro começamos uma série de posts sobre os audiobooks no Brasil. Danielle Machado, responsável pela produção dos audiolivros da editora Intrínseca, falou um pouco sobre o engatinhar do mercado editorial brasileiro em relação aos audiolivros, compartilhou histórias dos bastidores e falou um pouco sobre a Auti Books, uma das principais plataformas de venda de audiolivros no Brasil.

Em meio a mais um novo formato, o mercado editorial encontra maneiras de levar histórias para os leitores com os mais diversos perfis. Nascida da ideia de que cada vez mais os conteúdos, e principalmente os livros, podem ser consumidos em formatos diversos, além do papel, a Auti Books permite aos usuários “saborear” aventuras, mistérios, romances e muitos outros temas por meio do som, com audiobooks. Dessa forma, é possível ter acesso a cultura, sonhos, viagens e muito mais, não só nos momentos tradicionais de leitura, mas também durante um deslocamento, seja no transporte público ou particular, executando tarefas do dia a dia, fazendo esportes ou mesmo durante a utilização de redes sociais. A Auti Books disponibiliza títulos de todos os gêneros, incluindo grandes sucessos de venda, visando levar entretenimento e aprendizado para toda a população brasileira.

O catálogo da Autibooks estreou em junho de 2019 com cerca de 100 títulos, em diferentes segmentos, como ficção, negócios, comportamento, espiritualidade, política e autoajuda. Atualmente, a plataforma conta com mais de 460 títulos e a previsão é de mais de 1.500 até o final do ano. Em 7 meses de atividades, a empresa já comercializou mais de 40 mil audiobooks.

No segundo post da série Os audiobooks no Brasil, conversei com Claudio Gandelman, CEO da Auti Books a respeito da plataforma, sobre o atual cenário dos audiolivros no país e perspectivas para o futuro desse formato. Puxa uma cadeira e confira essa conversa!

Como funciona o modelo de produção e publicação dos audiobooks no Brasil? Ele se difere, de alguma forma, do modelo americano e britânico?
O modelo de gravação dos audiobooks é similar ao modelo de outros países. Para um audiobook de aproximadamente 300 páginas, são necessárias aproximadamente 25 horas de estúdio. Um narrador grava, em média, de três a quatro horas por dia, no máximo. Mais do que isso, pode ocorrer cansaço excessivo na voz prejudicando e alterando a narração.

Segundo a Nielsen, para o mercado britânico, 40% das pessoas que escutam pelo menos um audiobook por mês, atualmente, descobriram o áudio nos últimos 2 anos, o que mostra um mercado em ascensão. Como isso se reflete no Brasil?
O mercado brasileiro ainda é muito imaturo em relação aos audiobooks. O ano de 2019 foi muito marcante com a entrada de novas plataformas, especialmente a Auti Books, lançada há alguns meses. Entretanto, quando se pergunta para o grande público se conhecem audiobooks, existe uma parcela pequena da população que já teve acesso ao produto e a informação. Por outro lado, há um público potencial muito maior do que o de leitores de livros físicos ou ebooks, em função da capacidade cognitiva de leitura da população brasileira.

O mercado de audiobooks é a área que cresce mais rápido dentro do mercado editorial estrangeiro, há alguns anos. Por que agora grandes players estão chegando ao Brasil e as editoras estão investindo nessa área?
Apesar de existir 210 milhões de brasileiros, somos 60 milhões de consumidores com potencial de comprar um audiobook. Diferentemente do inglês ou do espanhol que, apesar de sotaques diferentes, podem ser consumidos em diversos países, o português do Brasil e de Portugal, Moçambique, Angola e afins são extremamente diferentes.
Ao mesmo tempo, o potencial de mercado comparado aos livros físicos é maior e isso vem atraindo vários players para o mercado nacional. Além disso, com a propagação dos smartphones, mais de um por habitante, é natural que isso chame a atenção para essa nova forma de consumo de literatura, algo já habitual há mais de 50 anos tanto nos Estados Unidos quanto na Europa.

Segundo a Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, mais da metade dos leitores brasileiros são mulheres. Entretanto, segundo relatório divulgado pela Auti Books, 63% dos usuários são homens da plataforma são homens. Por que existe essa diferenciação nesse caso?
A verdade é que ainda não temos essa resposta. Como o mercado ainda está nascendo, pode ser que os homens em geral sejam mais ativos no lançamento de novidades tecnológicas, mas ainda é muito cedo para ter uma visão mais ampla. De qualquer forma, o importante para nós é atender a todos os consumidores, gêneros, idade, crença ou qualquer outra diferenciação.

A Auti Books surgiu de uma parceria entre gigantes do mercado editorial brasileiro: Sextante, Intrínseca e Record. Por que unir forças para lançar uma plataforma de audiobooks brasileira? 
É natural que as grandes editoras se juntem para explorar um mercado que ainda não tem um formato de venda definido. Os players existentes apresentam um modelo de comercialização que, no longo prazo, é bastante nocivo para toda a indústria e de difícil mensuração, que é o pagamento de pay by play, onde só se remunera determinado audiobook depois de 20% de consumo. Mesmo assim, com alto grau de dificuldade no acompanhamento no consumo.
Nada mais natural que a Intrínseca, Sextante e o Grupo Record se juntarem com a Bronze Ventures em um modelo saudável para todos os atores da indústria. Não só as próprias editoras, mas também os autores, agentes e, acima de tudo, os consumidores, que terão sempre os melhores títulos, tanto campeões de venda quanto grandes clássicos.

A Auti Books contava com vendas de audiobooks à la carte. Agora foi implementado um plano de assinaturas. Como funciona?
Agora, além do sistema tradicional (no qual o consumidor escolhe e paga individualmente por cada obra), será possível fazer uma assinatura mensal pelo programa Auti Best, e ouvir qualquer um dos títulos disponíveis por R$ 19,90, independentemente do valor unitário. Mais de 80% dos mais de 460 audiolivros disponíveis no catálogo poderão ser selecionadas pelos assinantes dessa modalidade.

A Amazon estreou, no final do ano passado, o Amazon Prime no Brasil. Você acredita que a Audible também chegará ao mercado brasileiro em um futuro próximo? Como competir com esses players?
Imagino que a Audible deverá vir para o mercado brasileiro, mas fora o mercado americano a Audible, em todos os outros mercados, está competindo de igual para igual com os players locais. Em alguns campos, como nos países escandinavos e na Alemanha, enfrentando alguma dificuldade. Quando eles vierem para o Brasil, tenho certeza que só teremos um fortalecimento da indústria de audiobooks.

O que o mercado brasileiro de audiobooks pode aprender com o mercado estrangeiro?
Ainda temos muito a aprender, o mercado estrangeiro tem mais de 50 anos de experiência, mas estamos sugando tudo o que podemos.

Já existem estatísticas a respeito do consumo de audiolivros no mercado brasileiro?
Ainda temos um mercado muito novo, qualquer tendência que seja antecipada agora seria muito prematura. Hoje existe uma queda pelos audiobooks de autoajuda e negócios, mas isso deve se alterar muito em um curto período.

Você acredita que o consumo de audiobooks pode incentivar a leitura de livros físicos ou são modelos paralelos?
Tenho certeza que teremos um auxílio dos audiobooks no hábito da leitura, especialmente entre os jovens que leem cada vez menos e não praticam a leitura arraigado. O audiobook pode ser uma excelente porta de entrada para futuros leitores.

Um leitor deve optar por um audiobook ao invés do tradicional contato com a palavra escrita?
Na verdade, não deve, acredito plenamente que todos as formas de consumo de educação e cultura através da literatura são maravilhosas. Seja através de audiobooks, livros físicos, e-books ou qualquer outra forma que porventura venha a ser criada é super válida.
Obviamente que gostaria muito de ver um mercado pujante de audiobooks, mas isso leva tempo e é necessário aculturar as pessoas. Mas posso afirmar que não são excludentes e a grande vantagem do audiobook é que o mesmo pode ser consumido em qualquer lugar e a qualquer hora.


E além do conteúdo postado no Blog, no YouTube, Instagram e Twitter, o Nostalgia Cinza conta com uma newsletter especial para os amantes da literatura. Além de ficar por dentro do conteúdo postado nas redes sociais, ao assinar a newsletter você tem acesso a conteúdos exclusivos sobre o mercado editorial, literatura e ainda fica à par dos lançamentos mais aguardados. Inscreva-se e receba também essas newsletters preparadas com muito carinho para todo leitor ♥

Um comentário: