Entre 2012 e 2017, a quantidade de idosos cresceu em todos os estados brasileiros. Em 2017 nosso país já registrou 30,2 milhões de idosos, mas mesmo com esse número tão expressivo, a terceira idade é, muitas vezes, renegada. A literatura tem um papel fundamental na construção e desconstrução do pensamento, muito além do entretenimento. Trazer um novo olhar para uma temática pouco explorada e procurada por grande parte da população do país é um serviço público de valor inestimável. Em Velhos são os outros, Andréa Pachá trata com sensibilidade e honestidade os mais diversos tipos de perfis de pessoas "no fim da vida". Um livro divertido, sensível e emocionante.
Confira a resenha de Velhos são os outros e entenda porque o livro de Andréa Pachá merece sua leitura!
"Depois de quase vinte anos à frente de uma Vara de Família, cuidando de casos de divórcios, pensão, guarda e convivência familiar, a juíza Andréa Pachá se viu diante de um novo desafio: assumir uma Vara de Sucessões, onde lidaria com julgamentos de inventários, testamentos e curatelas. É a partir das experiências dessas audiências que Pachá desenvolve seu novo livro Velhos são os outros.
Com talento singular para transformar as vivências no tribunal em ficção e uma capacidade impressionante de criar personagens muito vívidos e com desejos e motivações com os quais todos se identificam, Pachá narra acasos do tempo, da memória e das relações em família da perspectiva da Justiça mas sobretudo da perspectiva humana. Histórias delicadas, bem-humoradas e emocionantes sobre a longevidade pela qual tantos de nós anseiam — aquela que trará consigo as alegrias, dores, descobertas e perdas que só quem já caminhou bastante pode experimentar."
FICHA TÉCNICA
Título: Velhos são os outros
Autora: Andréa Pachá
Ano: 2018
Páginas: 208
Idioma: Português
Editora: Intrínseca
Nota: 4/5
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LIVRO CEDIDO EM PARCERIA COM A EDITORA
Vivemos com medo de morrer, envelhecer nos parece simplesmente inaceitável. Associamos a velhice ao fim da vida e ao começo das dependências, incapacidades e esquecimento. E quando chegamos à velhice muitas vezes somos constantemente relembrados de que estamos e somos velhos. Como se o ciclo da vida tomasse um rumo em direção à vergonha. Como se ser velho fosse motivo de embaraço e angústia. Nos recusamos a pensar no envelhecimento e quando ele chega parece que não basta que nos sintamos velhos, o mundo precisa nos assegurar que é verdade.
"Nascemos e morremos sozinhos. Eis a inescapável condição humana que nos liberta e nos aprisiona. Com ou sem a nossa autorização ou desejo, o tempo age, o corpo gasta, os neurônios se desconectam – ainda sem rugas aparentes, domadas pela tecnologia e pelas intervenções médicas e estéticas -, e caminhamos para o terreno desconhecido do fim. Um caminhar lento, às vezes imperceptível, mas que compreende de forma definitiva o princípio da igualdade que nos irmana e identifica.” Página 10"
Em Velhos são os outros, Andréa Pachá traz novas visões sobre todas as possibilidades de ser idoso e desconstrói estereótipos ao mesmo tempo em que toca o leitor com histórias engraçadas, românticas e de partir o coração. Depois de quase vinte anos à frente de uma Vara de Família, cuidando de casos de divórcios, pensão, guarda e convivência familiar, a juíza Andréa Pachá se viu diante de um novo desafio: assumir uma Vara de Sucessões, onde lidaria com julgamentos de inventários, testamentos e curatelas. É a partir das experiências dessas audiências que Pachá desenvolve seu novo livro Velhos são os outros.
Andréa apresenta um novo olhar sobre a velhice e o que é ser velho por meio de contos curtos em que ela compartilha as histórias que foram parar em seu gabinete. Além de narrar os fatos e relatar as causas e desfechos de cada um dos casos em que trabalhou na Vara de Sucessões, Andréa faz suas próprias reflexões acerca da velhice, do entendimento em relação à idade, da autoestima, dos desejos no "fim da vida", no próprio conceito de velhice e faz de seus encontros e desencontros um espelho para as próprias angústias e sentimentos.
Velhos são os outros intercala relatos de Andréa sobre casos julgados por ela ao longo de seu tempo na Vara de Sucessões, com depoimentos de idosos a respeito da velhice ou relembrando algum episódio marcante, engraçado ou trágico que ajuda a ampliar as formas de ver e entender a terceira idade. Em sua própria narrativa, Andréa tira os idosos do papel de vítima e os coloca como protagonistas de suas próprias histórias ao descrevê-los mais, contar um pouco de sua trajetória, usar os diálogos de terceiros para descrever e exemplificar melhor os velhos. Mas isso se torna ainda mais evidente quando ela dá o espaço de fala para outros idosos, que ganham algumas páginas próprias, em primeira pessoa, para falar sobre algum aspecto da velhice. Ao fazer isso, Andréa coloca os velhos à frente de suas narrativas, devolvendo-lhes sua voz e seu protagonismo. Eles falam por si, eles tomam as rédeas da mensagem que querem deixar.
"“[...] fiquei imaginando se a maneira com que enfrentamos os problemas que a vida nos traz define, de alguma forma, a maneira como vamos envelhecer. Mas são tantas velhices profundamente diferentes umas das outros, tantos fatores que se interpõem entre os nossos desejos e a realidade, que tive certeza de que, além da nossa vontade, envelhecer de repente é como ganhar na loteria.” Página 58"
A edição do livro é um bônus à parte. Com uma fonte um pouco maior, contos curtos e bem divididos ao longo do livro, parece que o próprio livro foi pensado para ser um aconchego para todas as idades. A diagramação é extremamente agradável e faz com que a leitura flua com facilidade. Além dos cadernos do miolo em papel amarelo que correspondem aos acontecimentos narrados por Andréa, os depoimentos dos idosos são encaixados ao longo do livro em um papel diferente, dando mais destaque para esses relatos e variando o interior do livro. A capa é simples, mas extremamente elegante.
Velhos são os outros é um livro especial. Gosto de mergulhar em novas abordagens e Andréa Pachá fala da velhice de um jeito inédito e delicioso. Aliando literatura e não ficção, a juíza nos presenteia com sua experiência, com sua delicadeza, sensibilidade e com suas reflexões extremamente pontuais e inteligentes. Velhos são os outros é um daqueles livros para ampliar nossa visão de mundo fazendo uso de novos formatos, sem deixar de lado a seriedade do tema. Com uma linguagem envolvente e histórias apaixonantes, Andréa Pachá escreveu um livro que deveria ser lido por todos. O que fica? A empatia.
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“Velhice é um tempo de subjetividades. Um indivíduo não envelhece da mesma forma que outro. Não há igualdade, muito menos padrão comparativo. ‘Adivinhe a minha idade?’ – eis uma pergunta difícil que não deveria ser formulada. Se a resposta for superior à realidade, corre-se o risco de ser grosseiro; se a tática for diminuir os anos para angariar simpatia, periga parecer cínico. Se já era difícil ser preciso quando as classificações etárias eram mais planas, atualmente é uma missão impossível para qualquer profeta bem treinado.” Página 155
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Que interessante, já entrou pra minha lista! Estava pensando nesse tema esses dias, que costumamos negar realmente a idade que chega e vemos também os outros (velhos) negando rsrs, achei super importante tratar da temática e desconstruir essa visão negativa! Amei a resenha.
ResponderExcluirhttp://submersa-em-palavras.blogspot.com.br/
Um livro emocionante e intenso, que nos faz pensar com cuidado em nossa velhice.
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