Poucas coisas são melhores para um leitor do que encontrar um livro que supere todas as expectativas e que ofereça uma experiência de leitura maravilhosa. Os Números do Amor, de Helen Hoang, me pegou de surpresa e me relembrou porque romance é meu gênero favorito. Com uma história doce e uma temática delicada, Os Números do Amor se tornou um dos meus queridinhos e, com certeza, vai ficar na minha cabeça por um bom tempo.
Quer saber por que Os Números do Amor se tornou uma das minhas leituras favoritas do ano? Então confira a resenha!
"Um romance que prova que o amor muitas vezes supera a lógica.
Já passou da hora de Stella se casar e constituir família — pelo menos é isso que sua mãe acha. Mas se relacionar com o sexo oposto não é nada fácil para ela: talentosa e bem-sucedida, a econometrista é portadora de Asperger, um transtorno do espectro autista caracterizado por dificuldades nas relações sociais. Se para ela a análise de dados é uma tarefa simples, lidar com os embaraços que uma interação cara a cara podem trazer parece uma missão impossível. Diante desse impasse, Stella bola um plano bem inusitado: contratar um acompanhante para ensiná-la a ser uma boa namorada.
Enfrentando uma pilha cada vez maior de contas, Michael Phan usa seu charme e sua aparência para conseguir um dinheiro extra. O acompanhante de luxo tem uma regra que segue à risca: nada de clientes reincidentes. Mas ele se rende à tentação de quebrá-la quando Stella entra em sua vida com uma proposta nada convencional.
Quanto mais tempo passam juntos, mais Michael se encanta com a mente brilhante de Stella. E ela, pela primeira vez, vai se sentir impelida a sair de sua zona de conforto para descobrir a equação do amor."
FICHA TÉCNICA
Título: Os Números do Amor
Autora: Helen Hoang
Ano: 2018
Páginas: 367
Idioma: Português
Editora: Paralela (Companhia das Letras)
Nota: 5/5
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LIVRO CEDIDO EM PARCERIA COM A EDITORA
Só no Brasil existem mais de 150 mil casos de pessoas afetadas pela Síndrome de Asperger, um estado do espectro autista. Esse transtorno afeta a capacidade de socializar e comunicar com outras pessoas, o que acaba interferindo na própria forma como esses indivíduos veem e entendem o mundo. Helen Hoang sofre dessa síndrome e consegue mostrar, em um romance doce e encantador, um pouco do que é viver na pele de quem tem uma enorme dificuldade para se relacionar com pessoas de uma maneira "comum".
Os Números do Amor é um romance que propõe trabalhar as limitações sociais de uma mulher que sofre dessa síndrome de uma maneira leve, divertida e deliciosa. Existem diversas formas de abordar a questão e Helen escolheu o sexo e a afetividade como temas centrais, um recurso bem inteligente e interessante. Ela coloca a questão em pauta de uma maneira divertida e bem-humorada, deixando de lado qualquer sentimento de pena ou estereotipação.
"Os olhos dela se voltaram para ele, e Michael ficou sem reação. Por trás dos óculos de bibliotecária safada havia um par de lindos olhos castanhos e suaves. E os lábios dela eram cheios o bastante para ser tentadores, mas sem estragar a impressão de delicadeza.
'Devo ter me confundido', ele disse, com um sorriso que parecia mais um pedido de desculpas do que uma demonstração de vergonha total. De jeito nenhum aquela garota contrataria um acompanhante.
Ela piscou algumas vezes antes de ficar de pé num pulo, sacudindo a mesa. 'Não, sou eu. Você é Michael. Reconheci pela foto.' A garota estendeu a mão. 'Stella Lane. Prazer.'" Página 17
Os Números do Amor me lembrou porque as histórias de amor têm um lugar especial na minha estante e porque romances são meu gênero favorito. Ao contrário de muitos romances eróticos cujas cenas de sexo perdem o propósito pelo exagero, em Os Números do Amor cada momento é um degrau da escada que leva a algo a mais. As cenas são divertidas e envolvem o leitor de tal forma que ele se sente inquieto e extasiado.
Histórias de amor são tão velhas quanto a própria literatura, e com tantos romances sendo escritos o tempo todo, é fácil cair nos clichês. Muitos autores e autoras acabam caindo na normalidade e não exploram as possibilidades e nuances da personalidade humana para criar interações amorosas, o que faz com que muitas vezes tenhamos a sensação de estar lendo mais do mesmo. Helen Hoang se arriscou ao abordar um tema não muito conhecido e transformá-lo em algo encantador dentro de uma história de amor.
Stella é uma mulher que, influenciada por experiências anteriores, acredita que o sexo não é prazeroso e que é ela quem não sabe o que está fazendo. Apesar de sua dificuldade enorme em conviver com pessoas, ela sente vontade de explorar sua sexualidade e aprender o que pode para se sentir um pouco mais "normal". Já Michael é um homem que, por ser um acompanhante profissional, acha que entende tudo de sexo e se vê na posição de ensinar essa intrigante mulher que, na verdade, não precisa de lições.
Helen Hoang consegue criar a expectativa no leitor de um jeito natural e viciante. Cada vez que eu tinha certeza que Stella e Michael finalmente ficariam juntos, algo acontecia e a tensão era cortada no ato. Dessa forma Helen consegue prender a atenção sem cair em banalidades e em repetições desnecessárias. É uma forma de transformar um romance adulto em uma história encantadora onde o leitor pode se sentir tão instigado e impaciente quanto os próprios personagens. Esse é um dos aspectos que diferencia o romance de Helen Hoang de tantos outros.
"Michael leu e releu o asséptico plano de aula. Sua surpresa se transformou em divertimento, que por sua vez se dissipou num sentimento de frustração que provocou tensão nas suas costas e no seu pescoço. Ele sobrou os dedos e fez força para segurar a vontade de amassar aquela papelada. Irritado, era assim que ele estava. Só não fazia ideia do motivo." Página 56
A autora mostra que, por mais difícil que seja para pessoas que sofrem com transtornos do espectro autista se relacionarem com as outras, elas também podem explorar seus desejos, expor suas vontades. Para uma pessoa que nunca foi exemplo de traquejo social, ter contato com uma personagem como Stella é um bálsamo em meio a tantos romances mecânicos e previsíveis.
Os Números do Amor é um livro que tem todas as características de um romance padrão: mocinho e mocinha, problemas para aceitar sentimentos em comum, possessividade momentânea, ciúmes esporádicos e diálogos esperados. Entretanto, foge de alguns clichês interessantes. Stella é formada e em economia e ele é formado em moda. Ela tem dinheiro e se vê como possível provedora, já ele ajuda a família em casa. Helen Hoang misturou uma dinâmica inusitada e conseguiu um resultado surpreendente. Stella é uma protagonista forte e inspiradora que se destaca entre a maioria dos romances que vitimizam as mulheres e as colocam em posições inferiores aos protagonistas.
A edição segue os padrões dos livros publicados pela Paralela. A diagramação com espaçamento entre linhas generoso e a fonte Adriane contribuem para uma leitura fluida e leve, em que passar as páginas é fácil e bem natural. A capa de Os Números do Amor é um ponto a ser mencionado. A composição divertida combinou perfeitamente com o tom do livro e a ilustração em gestalt deu um toque a mais à arte, uma bela sacada.
Os Números do Amor é um livro perfeito para sair de uma ressaca literária ou para descansar a mente e aquecer o coração. Os fãs de romance vão se identificar com uma história encantadora, com personagens divertidos, uma leitura fácil e envolvente, enquanto se deliciam com cenas eróticas bem construídas dentro da proposta do livro. E quem ainda não é muito familiarizando com o gênero e com o conteúdo adulto dos romances, encontra em Os Números do Amor uma bela porta de entrada.
Os Números do Amor é um romance para ler de uma vez, com uma xícara de chá, um cobertor e um coração aberto para se deixar encantar. Um livro para ler e reler, aquele pequeno tesouro que guardamos na estante para revisitar quando estivermos precisando de uma encantadora história de amor para alegrar o dia e aquecer o coração.
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"Seus instintos imploravam para que abrisse o jogo e contasse a verdade. Apesar de não saber a verdadeira extensão do problema, Michael já conhecia algumas de suas dificuldades: hipersensibilidade a cheiros, ruídos e toques; obsessão pelo trabalho; necessidade de estabelecer rotinas; a falta de traquejo social. O que não sabia era que havia rótulos para aquilo, diagnósticos médicos." Página 122
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Parabéns pela resenha, acredito que precisamos de mais livros que abordem esse tema, tornando a literatura ainda mais representativa. Não conhecia o livro, porém fiquei muito interessada em conhecer a escrita da autora.
ResponderExcluirsonhoseaventurasdeamor.blogspot.com.br