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11 de jul. de 2018

Resenha: A Princesa Prometida


Histórias de amor sempre vão ter um lugar especial no meu coração e na minha estante. A Princesa Prometida me chamou a atenção com a premissa de ser "a maior história de amor já escrita". O livro homenageia os clássicos e faz o leitor mergulhar no universo fantástico criado por Goldman e seus personagens caricatos.

Quer saber o que eu achei do livro? Confira a resenha de A Princesa Prometida:

"Buttercup é uma camponesa que se apaixona perdidamente por Westley, o jovem humilde que trabalha na fazenda do pai dela. Juntos, eles descobrem o amor verdadeiro, mas um trágico acidente envolvendo um navio pirata os separa.
Em poucos anos, Buttercup se torna a mulher mais bonita de todos os reinos e acaba sendo pedida em casamento pelo sádico príncipe Humperdinck. Mas nada, nem um poderoso príncipe amante da caça, é capaz de separar esse amor, e o destemido Westley volta para resgatar sua princesa que foi prometida a outro.
Em uma paródia aos épicos clássicos, William Goldman escreve um divertido romance com direito a tudo que o gênero tem a oferecer: piratas, duelo de esgrima, traições, tramas políticas da realeza e um romance apaixonante. Esta edição de luxo em capa dura traz os textos extras que William Goldman escreveu para as edições comemorativas de 25 e 30 anos da obra original - que misturam ficção e realidade e ajudam a compor o universo emblemático que transformou a obra em um fenômeno."

FICHA TÉCNICA
Título: A Princesa Prometida
Autor: William Goldman
Ano: 2018
Páginas: 416
Idioma: Português
Editora: Intrínseca
Nota: 3/5  
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A Princesa Prometida é uma homenagem aos clássicos épicos com direito a aventuras ao estilo Odisséia, criaturas fantásticas e um romance avassalador entre mocinha e mocinho. Desde o começo da leitura é possível perceber elementos de histórias clássicas, bem ao estilo histórias de ninar. O próprio autor brinca com o fato de que A Princesa Prometida teria sido uma história lida por seu pai quando ele era criança. O livro deu origem ao filme de mesmo nome e é considerado um clássico da sessão da tarde, mas infelizmente a história não fez parte da minha infância e talvez esse seja um dos motivos pelos quais não fui fisgada pelo saudosismo de A Princesa Prometida.

A Princesa Prometida narra a história de amor de Buttercup e Westley. Buttercup é considerada desde jovem uma das mulheres mais lindas do mundo, apesar de seus poucos modos e jeito excêntrico. Westley é um simples servo e trabalhador da propriedade de Buttercup que nutre uma paixão pela moça. Quando ela se declara apaixonada por ele, Westley decide que precisa ir embora e ganhar dinheiro o suficiente para que possa se casar com ela e fazê-la feliz. Buttercup decide esperar por seu amado, mas quando um boato de que ele morreu chega aos seus ouvidos, ela decide aceitar as investidas do príncipe Humperdinck. A partir de então a narrativa conta a história dos encontros e desencontros de Buttercup e Westley, com direito a perseguições, piratas, duelos, obstáculos e seres mágicos.

“Este é meu livro preferido no mundo inteiro, embora eu nunca o tenha lido. Como isso é possível?” Página 9


A Princesa Prometida são dois livros em um. Enquanto existe a trama sobre o amor de Buttercup e Westley, o leitor pode ler os "bastidores" da edição e do apego de Goldman para com a história. Apesar de ter 400 paginas, atendo-se somente à leitura da narrativa ficcional, é possível resumir o livro a 300 páginas. A história em si é bem divertida e encantadora, não é difícil entender porque se tornou um clássico. Goldman consegue desenvolver cenários de forma primorosa e cria personagens encantadores, dignos de uma bela história de fantasia. A escrita do autor também é muito agradável, é fácil passar as páginas e se ver imerso nesse mundo incrível. Entretanto, me deparei com alguns problemas que me impediram de me apaixonar pelo livro.


A Princesa Prometida é, supostamente, uma versão editada por William Goldman do livro de mesmo nome escrito por Morgenstern. De acordo com Goldman, a versão original continha mais de mil páginas que foram reduzidas a pouco mais de 300. O autor defende que preservou as melhores partes e optou por focar na história de amor de Buttercup e Westley. Entretanto, foi graças à Ju do Nuvem Literária que descobri que na verdade Goldman é o autor original e que todos os comentários de Morgenstern são na verdade de William. O fato de não existir Morgenstern e Goldman na verdade ser o autor original deixa a narrativa ainda mais confusa. Apesar de ser um recurso absolutamente inusitado, não contribui para enriquecer a experiência literária uma vez que o foco da história de amor de Buttercup e Westley e as aventuras dos personagens são deixados quase em segundo plano.

Estava esperando que o livro fosse inteiramente uma ficção e, apesar da surpresa inicial que parecia ser um recurso inusitado, fiquei incomodada à medida que passava as páginas. Varias comentários do autor poderiam ser resumidos, uma vez que eles quebraram a narrativa de forma negativa. Quando finalmente me sentia imersa na história o autor me puxava de volta à realidade para comentar sobre determinado capitulo.


“Segui a linha do amor verdadeiro e das grandes aventuras e acho que fiz a escolha certa. E creio que os resultados provam isso. Morgenstern nunca teve um público para seu livro – exceto em Florin, claro. Levei a história para as pessoas dos quatro cantos do mundo e, com o filme, para um público ainda maior. Então, sim, eu o editei.” Página 311

A história contém características típicas de alguns romances medievais como a paixão avassaladora que surge de repente entre mocinho e mocinha, as cenas de obstáculos que precisam ser enfrentados para que no fim eles possam finalmente se reencontrar e concretizar essa história de amor. Entretanto, o autor faz diversas pausas ao longo dos capítulos para fazer comentários tanto a respeito de sua suposta experiência pessoal com o livro quanto pra explicar cortes feitos pela "edição" dessa versão.

Os comentários e interrupções de Goldman ao longo do livro servem para instigar o leitor e fazer com que ele queira se apaixonar pela história tanto quanto o próprio autor. É possível perceber o carinho que Goldman sente por essa história, tanto pelos comentários feitos ao longo de todo o livro quanto pela edição feita visando compartilhar uma suposta narrativa que teria marcado sua infância. Mas comigo esse recurso surtiu o efeito contrário, infelizmente.

"Morgenstern" também interrompe a leitura diversas vezes para fazer comentários a respeito de fatos históricos e dados presentes na história. Esses comentários são divertidos e tornam a leitura mais leve e dinâmica, ao contrário das pausas feitas pelo próprio William. Gostaria muito mais de ter lido um compilado de descrições e relatos "pessoais" ao final do livro ao invés de lê-los ao longo da história.


Os últimos capítulos são compostos por narrações de acontecimentos da própria vida do autor, incluindo os bastidores da escolha e produção do filme de A Princesa Prometida e com mais olhares sobre a vida do escritor e roteirista. Inclusive, fiquei surpresa quando descobri que William Goldman é responsável pela adaptação do roteiro de Todos os homens do presidente.

A edição de A Princesa Prometida merece elogios à parte. Além da ilustração maravilhosa que enfeita o livro, a capa dura torna essa edição ainda mais bonita. Até mesmo a lombada faz referência a livros clássicos, parece que temos em mãos um livro que atravessou o tempo, o que de fato aconteceu. O mapa na contracapa me lembrou bastante a edição de The Kiss of Deception e é um ótimo recurso para situar melhor o leitor dentro da história e servir como localização para os acontecimentos barrados. O livro em si é uma bela aquisição para a minha estante, o acabamento é muito bonito e a Intrínseca caprichou nessa edição.

Vi várias resenhas positivas a respeito da história e realmente gostaria de ter me encantado pelo enredo e pela estrutura narrativa criada por Goldman como a maioria das pessoas, mas infelizmente não fui fisgada dessa vez. Os mesmos elementos que cativaram tantas pessoas foram os responsáveis por me perder ao longo da leitura.

É uma história divertida, perfeita para amantes de histórias clássicas, mas que não correspondeu às minhas expectativas. Gostaria de ter tido mais A Princesa Prometida e menos Goldman. Um livro muito bem pensado, bem elaborado e bem escrito, mas que poderia ter sido mais.

Gostou da resenha e quer ler outro livro do gênero? Confira a resenha de The Kiss of Deception!



“Mas, assim como ele sabia que o sol era obrigado a se levantar no leste todas as manhãs, mesmo que pudesse parecer imensamente tentador nascer no oeste, Westley sabia que Buttercup era obrigada a passar a vida amando-o. O ouro era convidativo, assim como a realeza, mas nada daquilo era páreo para a febre em seu coração, e mais cedo ou mais tarde ele teria essa febre. Tinha menos escolhas que o sol”. Página 217


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Um comentário:

  1. Nossa, isso das interrupções do autor realmente é bem complicado, certeza que teria o mesmo efeito negativo em mim. Ainda sim tive vontade de ler ❤ a solução será pular todos os comentários dele haha só assim pra funcionar cmg.

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