Resenha: Os Imortalistas
Uma das sensações mais gostosas que se pode experimentar como leitora é se surpreender positivamente com um livro. Os Imortalistas chegou em minhas mãos com uma capa linda e uma sinopse intrigante, mas foi a escrita de Chloe Benjamin e seus personagens cativantes que fizeram com que o livro me marcasse tanto. Uma história repleta de reflexões sutis, mas poderosas.
Quer saber o que achei de Os Imortalistas? Então confira a resenha!
"É 1969 no Lower East Side de Nova York e os rumores na vizinhança são sobre a chegada de uma mulher mística, uma vidente que se diz ser capaz de dizer a qualquer um qual será o dia de sua morte.
As crianças Gold – quatro adolescentes que estão começando a conhecer a si mesmos – saem de casa sorrateiramente para saber sua sorte. As profecias informam as próximas cinco décadas de sua vida. Simon, o menino de ouro, escapa para a costa oeste, procurando por amor na São Francisco dos anos 80; a sonhadora Klara se torna uma ilusionista em Las Vegas, obcecada em misturar realidade e fantasia; Daniel, o filho mais velho, luta para se manter seguro como um médico do exército após o 11 de setembro; e Varya, a amante dos livros, se dedica a pesquisas sobre longevidade, nas quais ela testa os limites entre ciência e imortalidade.
Um romance notavelmente ambicioso e profundo com uma brilhante história de amor familiar, Os imortalistas explora a linha tênue entre destino e escolha, realidade e ilusão, este mundo e o próximo. É uma prova emocionante do poder da literatura, da essência da fé e da força implacável dos laços familiares."
Título: Os Imortalistas
Autora: Chloe Benjamin
Ano: 2018
Páginas: 320
Idioma: Português
Editora: HarperCollinsBrasil
Nota: 5/5
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Os Imortalistas narra a vida de quatro irmãos: Simon, Klara, Daniel e Varya. Quando jovens, os irmãos Gold, movidos pela curiosidade típica de crianças, vão atrás de uma vidente para saber o dia de suas mortes. Apavorados com as respostas, eles tentam viver suas vidas alheios a essas informações cruéis. Entretanto, com o passar dos anos, é impossível não questionar se a cigana estava certa.
É um livro que, tirando o fato de que eles sabem o dia de sua morte, não tem nada demais. Teoricamente. O livro conta brevemente a vida de quatro irmãos, suas escolhas, seis sucessos e fracassos, sem nada milagroso, sem nenhuma característica ficcional aparente. Mas é justamente essa banalidade que torna o livro tão poderoso. Acrescenta-se o detalhe da morte eminente e a visão do próprio leitor é alterada de forma irreversível.
A todo momento se espera que os personagens morram já que nem todos revelaram o a data de sua morte, o que faz com que queiramos aproveitar os momentos pelos protagonistas, faz com que nós mesmos tenhamos uma visão diferente da vida. Uma visão que dá valor, que reflete, que busca entender de fato. Esses quatro irmãos sabem o dia de sua morte e toda a narrativa é contada tomando a partir das escolhas de vida feitas por eles com base nessa informação.
“Do que ele se lembra? Uma porta estreita. Um número de bronze balançando em seu parafuso. Ele se lembra da sujeita do apartamento, que o surpreendeu; ele havia imaginado uma cena de tranquilidade, como poderia aparecer ao redor de um Buda. Ele se lembra de um baralho do qual a mulher pediu para ele pegar quatro cartas. Ele se lembra das que escolheu: quatro espadas, todas pretas – e o terrível choque da data que ela o deu. Ele se lembra de cambalear pela saída de incêndio, sua mão úmida no corrimão. Ele se lembra de que ela nunca pediu dinheiro.” Página 100
Como toda família, os irmãos se separam para seguirem com suas vidas da forma que lhes convém, tentando reescrever um destino enquanto vivem seus dias. Chloe Benjamin descreve com maestria os diferentes cenários e contextos históricos das cidades que viraram paradeiro dos irmãos. Simon é protagonista da San Francisco dos anos 70, palco do movimento gay e da violência para com homossexuais em uma época que a AIDS começa a aterrorizar o mundo. Klara recria a fantasia dos grandes mágicos do século XX e de uma Las Vegas em ascensão. Daniel é um médico militar que precisa aprender a viver em um mundo depois do 11 de setembro. E Varya encarna a eterna busca pela longevidade em uma sociedade que não sabe lidar com a morte eminente.
O livro é dividido em quatro partes, cada uma dedicada a um dos irmãos e sua vida a partir do momento em que foram informados da suposta data de sua morte. Apesar do foco de cada um dessas partes ser os irmãos, Chloe consegue fazer com que os cenários e contexto histórico se tornem tão protagonistas quanto os próprios personagens, principalmente as primeiras duas partes. Somos levados à San Francisco em plenas décadas de 70 e 80 e podemos quase sentir o gosto dos shows de mágica que tomavam conta de parte dos Estados Unidos.
"Por quanto tempo ele odiou a mulher também. Ele se perguntava: como ela podia dar um destino tão terrível para uma criança? Mas agora pensa nela de forma diferente, como uma segunda mãe, ou um deus, ela o mostrou a porta e disse: Vá." Página 101
Chloe mergulha na mente de seus personagens de tal forma que às vezes é difícil se lembrar de que Os Imortalistas é uma ficção e não uma biografia. A profundidade impressionante dos conflitos individuais de cada personagens, aliada à ambientação muito bem descrita tornam Os Imortalistas uma adaptação da vida real. É um livro que promove reflexões sutis, mas poderosas em cada página. A todo instante eu me pegava pensando sobre determinados pensamentos, me colocando no lugar dos personagens e de seus dilemas. É um livro humano, mesmo que às vezes pareça bem surreal.
A edição da HarperCollins está maravilhosa. A capa dura deu um toque a mais para uma imagem que já chama a atenção logo de cara, com certeza sendo um dos livros mais lindos da minha estante. Além disso, o espaçamento me agradou, fazendo com que a leitura corresse tranquilamente.
Além da escrita descritiva e talentosa de Chloe Benjamin, Os Imortalistas me marcou profundamente com seus conflitos familiares e reflexões distintas. É um livro sobre entender o peso das escolhas ao saber exatamente o dia de sua morte. É um livro sobre a vida da forma mais sútil e poderosa possível. Que vamos morrer, todos sabemos, mas entendemos isso de verdade? Então porque deixamos o tempo escorrer pelos dedos como se fosse infinito? E será que o destino é certo ou temos a capacidade de reescrevê-lo com nossas escolhas?
Os Imortalistas é uma perfeita metáfora da vida e de sua finitude. É um retrato das consequências de nossas escolhas, do apego humano ao passado e da fixação doentia para com um futuro incerto. Uma leitura que me marcou de um jeito intenso e que com certeza ficará na minha mente por um bom tempo.
Gostou do livro e quer conferir outra história marcante? Então confira a resenha de O Poder!
"O que você quer? Perguntou Luke a ela, e se Varya o tivesse respondido com honestidade, ela teria dito isso: voltar ao começo. Ela diria à sua antiga eu de treze anos para não visitar a mulher." Página 320
13 comments
super interessante gostei, vou ler me chamou muito a atenção
ResponderExcluirNão conheci esse livro, mas ao ler a resenha fiquei muito curioso pela história. Está na minha lista.
ResponderExcluirGustavo
http://www.leituraenigmatica.com
Também não conhecia o livro mas achei a história muito cativante e um tanto diferente. Deve ser difícil conviver com o peso de se saber o dia da própria morte, não? É um dilema que nos faz refletir na vida.
ResponderExcluirOlá não conhecia o livro parece ser bem bacana , a resenha está bem detalhada e boa gostei bastante futuramente lerei
ResponderExcluirObrigada lá dica beijso
Que livro interessante, adorei esta resenha, muito intrigante o tema e curioso, este livro com certeza entrará na minha lista para as próximas leituras. Bjs
ResponderExcluirInteressante, chamativo adorei a capa e a resenha me deu vontade de ler
ResponderExcluirOlá
ResponderExcluirAchei a premissa interessante, começa a história como 'momento da morte' dito por uma cigana coloca essa dúvida na cabeça que com certeza deve fazer a gente ler rápido para saber o que acinte, bem bacana
Nossa, o livro me pareceu muito interessante! Ele parte de uma premissa maravilhosa, que é bastante fecunda para falar sobre a vida. E sobre a dificuldade que o humano tem de lidar com sua única certeza (embora abstrata e ignorada): a certeza da morte.
ResponderExcluirBjs
teofilotostes.wordpress.com
Oi, tudo bem ?
ResponderExcluirCom toda certeza uma ótima dica de leitura, o enredo, sinopse e capa estão bastante atrativos e intrigantes.
Olá
ResponderExcluirAmei a dica , você descreveu perfeitamente . Amei as fotos tudo lindo , parabéns .
Beijos
Preciso arrumar tempo para ler tudo que quero, mas esse já foi para minha lista também!
ResponderExcluirOlá, tudo bem? Por mais que esteja um pouco afastada da leitura, não me lembro de ter começado nenhum livro que logo de cara tenha um momento da morte, o que faz a história já começar interessante. Gostei bastante da sua indicação e da sua escrita, fiquei realmente com vontade de ler à obra.
ResponderExcluirBeijos
www.cheiadeassunto.com
Oi Laura!!
ResponderExcluirO livro parece ser bem interessante. Achei a capa bem bonita e já nos deixa querendo ler. Anotada a dica!!
Bjs
https://almde50tons.wordpress.com/