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25 de jun. de 2018

Resenha: O que o sol faz com as flores


A primeira vez que eu li os poemas de Rupi Kaur em Outros jeitos de usar a boca fiquei encantada com a forma crua, honesta e muito humana da autora ao falar sobre sentimentos, vulnerabilidades, defeitos, inseguranças. Foi um livro que me marcou e o sucesso é extremamente merecido. Pensei que em O que o sol faz com as flores, eu veria mais do mesmo, mas não foi bem assim.

A forma honesta, forte e arrebatadora de Rupi de colocar em palavras sentimentos capazes de fazer o peito sangrar se mantém, mas a temática muda. Parece que os temas que já eram muito fortes e maduros se tornam ainda mais adultos.

Quer saber o que eu achei do segundo livro da Rupi Kaur? Então confira a resenha de O que o sol faz com as flores:

"Da mesma autora de outros jeitos de usar a boca, best-seller com mais de 100 mil exemplares vendidos no Brasil.
o que o sol faz com as flores é uma coletânea de poemas arrebatadores sobre crescimento e cura. ancestralidade e honrar as raízes. expatriação e o amadurecimento até encontrar um lar dentro de você.
organizado em cinco capítulos e ilustrado por Rupi Kaur, o livro percorre uma extraordinária jornada dividida em murchar, cair, enraizar, crescer, florescer. uma celebração do amor em todas as suas formas."


FICHA TÉCNICA


Título: O que o sol faz com as flores
Autora: Rupi Kaur
Ano: 2018
Páginas: 256
Idioma: Português
Editora: Planeta de livro
Nota: 4/5
Compre: Amazon 
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LIVRO CEDIDO EM PARCERIA COM A EDITORA



O que o sol faz com as flores é dividido em cinco partes: murchar, cair, enraizar, crescer e florescer, que imitam o ciclo de vida de uma flor, exatamente ao que se remete o título. As temáticas escolhidas para cada uma dessas partes são profundas e intensas, muito fortes.

Em murchar, Rupi fala sobre muito sobre um relacionamento abusivo, sobre criar uma dependência enorme de uma pessoa e não saber mais separar o “eu” e o “ele”, tratando também de estupro, violência doméstica, autoflagelação, auto depreciação e outras questões que ficam ainda mais fortes na segunda parte, cair.

"amar você era como respirar
mas já sentindo falta de ar
antes que chegasse aos pulmões
- quando se vai cedo demais"


Em enraizar, a terceira parte do livro, ela começa a trabalhar a temática da mãe, tornando esse capítulo o mais sentimental de todos e, em minha opinião, o mais belo. É um pouco mais leve no sentido de trazer um carinho e afeto por parte da autora, uma vez que é carregado de sentimentos para com sua mãe.

Mesmo sendo um capítulo mais pessoal, Rupi não deixa de lado suas críticas fortes à sociedade, à condição de ser mulher em uma sociedade patriarcal. Ela se identifica com a mãe, entende os problemas enfrentados por ela e demonstra isso em seus poemas quase como um pedido de desculpas por ter nascido. São poemas muito bonitos, delicados e sinceros. É como se ela estivesse escrevendo uma carta aberta para sua mãe de um jeito puro.

Por conta de sua mãe, Rupi trata da questão dos refugiados, o que faz com que determinados poemas e/ou textos ganhem um caráter político. Ela aborda os risco e sentimentos envolvidos no fato de deixar seu país de origem para trás em busca de sonhos, segurança e esperança. Rupi faz críticas que não poderiam ser mais atuais.


A quarta parte do livro, crescer, está relacionada ao fato de se apaixonar de novo depois de ter o coração partido, depois de um trauma. Ela fala sobre a redescoberta do amor com delicadeza, sobre o que significa se abrir novamente para criar intimidade não apenas física como emocional com outro homem. É um capítulo doce, mais gostoso de ler, recheado de romance. Rupi abre as portas para que o leitor possa sentir o gostinho de seu relacionamento de um jeito muito bonito.

Florescer, a última parte do livro, fala sobre empoderamento feminino com uma poesia quase militante. São palavras intensas, que nos fazem realmente acreditar no que está sendo dito. Rupi trabalha a questão da força feminina, autoestima e empoderamento de um jeito poético, claro, mas também intenso e direcionado. É um capítulo inspirador e extremamente necessário. Não consigo pensar em uma forma melhor de concluir um livro com tamanho apelo popular.

Até mesmo as ilustrações de Rupi parecem mais maduras em comparação com Outros jeitos de usar a boca. Ela continua com seus traços finos que imitam rabiscos, mas ela dá um ar de profundidade maior aos desenhos, o que combina perfeitamente com as temáticas exploradas ao longo de todo o livro. Cada arte é carregada de significado, o que deixa as páginas ainda mais bonitas e os poemas, ainda mais marcantes. 

"vocês partiram o mundo
em vários pedaços e
chamaram de países
declararam posso sobre
o que nunca lhes pertenceu
e deixaram os outros sem nada
- colonizado"


Ao contrário do primeiro livro que era composto basicamente por pequenos poemas que não passavam de uma página, O que o sol faz com as flores mantém os poemas curtos, mas alguns poemas passam de três páginas e contempla textos um pouco maiores em que ela desenvolve melhor suas reflexões com narrativas mais densas.

Mesmo com textos mais longos, Rupi não perde uma de suas características essenciais: a objetividade. Rupi é capaz de expressar em poucas palavras, sentimentos que precisariam de páginas e mais páginas para serem explicados. Ela vai direto ao ponto de forma objetiva, forte e impactante, o que fez com que seus poemas fossem tão bem aceitos e se tornassem tão populares desde Outros jeitos de usar a boca. Com uma linguagem simples, Rupi se faz clara e precisa quase de forma brutal. Sem muitas delongas ou amarras, ela diz o que tem para dizer e não pede desculpas por isso.

O que o sol faz com as flores é um livro bem mais crítico e político do que Outros jeitos de usar a boca. Nesse segundo livro, Rupi aborda assuntos como imigração, refúgio, infanticídio feminino de um jeito forte, apesar de curto e breve, característica marcante dos poemas de Rupi Kaur. Os poemas continuam extremamente impactantes e necessários. Rupi consegue sair do senso comum de uma maneira única, com feminilidade e força. O que o sol faz com as flores merece ser lido, relido e guardado com carinho.

Gostou da resenha e quer saber o que achei do primeiro livro de Rupi Kaur? Então confira a resenha de Outros jeitos de usar a boca!

"me levanto
sobre o sacrifício
de um milhão de mulheres que vieram antes
e penso
o que é que eu faço
para tornar essa montanha mais alta
para que as mulheres que vierem depois de mim
possam ver além
- legado"



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5 comentários:

  1. Apenas lendo essa resenha maravilhosa, me deu uma vontade tremenda de querer ler esse livro. E mulher eu simplesmente amei o jeito cuidadoso que você faz uma resenha !

    Uma chata moderna

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    1. Oi, Ana Laura! Tudo bem? Muito obrigada por comentar, agradeço de verdade pelo carinho! Tento fazer resenhas completas da melhor forma possível e fico muito feliz que tenha conseguido transmitir isso para você. Por favor volta mais vezes <3

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  2. Bom dia. Gostaria de vos apresentar o site Um Guia TV para ver cinema na televisão de Portugal e do Brasil Visitem e deixem as vossas sugestões. Espero que seja útil.Podem encontrar a versão brasileira aqui

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  3. Oi, Laura!

    Apenas li alguns poemas de "Outros jeitos de usar a boca" e amei. Ainda não tive a oportunidade de ler o livro completo, mas não está fora dos meus planos de leitura. Acontece que agora que esse novo livro foi lançado eu também quero muito ler, então vou buscar uma boa promoção e comprar os dois (rs.). Não sei se esse tem em capa dura como o primeiro, espero que sim.

    Os temas que ela aborda em ambos os livros são mais do que necessários. Por isso, faço questão de ler para refletir, repensar atos, etc.

    Bjão
    Di ~ Vida & Letras
    www.vidaeletras.com.br

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    1. Oi, Diego! Não, a capa não é dura :( Mas o meu exemplar de Outros jeitos de usar a boca também é brochura então não fiquei chateada ahaha

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