Resenha: Até que a culpa nos separe

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 Desde que li O segredo do meu marido fiquei com o nome de Liane Moriarty na cabeça. Raramente encontro autoras que conseguem escrever narrativas envolvendo cotidianos comuns de forma tão completa e envolvente.
 Depois do grande sucesso de Pequenas grandes mentiras, livro que deu origem à mini-série da HBO Big Little Lies, Liane Moriarty volta com outra história que mostra a repercussão de um episódio assustador que começou em um simples churrasco de domingo. Quer saber o que achei da leitura? Então confira a resenha de Até que a culpa nos separe:

“Amigas de infância, Erika e Clementine não poderiam ser mais diferentes. Erika é obsessivo-compulsiva. Ela e o marido são contadores e não têm filhos. Já a completamente desorganizada Clementine é violoncelista, casada e mãe de duas adoráveis meninas. Certo dia, as duas famílias são inesperadamente convidadas para um churrasco de domingo na casa dos vizinhos de Erika, que são ricos e extravagantes.
Durante o que deveria ser uma tarde comum, com bebidas, comidas e uma animada conversa, um acontecimento assustador vai afetar profundamente a vida de todos, forçando-os a examinar de perto suas escolhas - não daquele dia, mas da vida inteira.
Em Até que a culpa nos separe, Liane Moriarty mostra como a culpa é capaz de expor as fragilidades que existem mesmo nos relacionamentos estáveis, como as palavras podem ser mais poderosas que as ações e como dificilmente percebemos, antes que seja tarde demais, que nossa vida comum era, na realidade, extraordinária.”




FICHA TÉCNICA

Título: Até que a culpa nos separe
Autora: Liane Moriarty
Ano: 2017
Páginas: 461
Idioma: Português
Editora: Intrínseca
Nota: 4/5
Compre: Amazon  / Saraiva
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Até que a culpa nos separe segue a mesma linha de O segredo do meu marido e Pequenas grandes mentiras ao narrar a história em torno de três casais completamente diferentes. Alternando o ponto de vista entre os cônjuges, Liane Moriarty intercala presente e passado, sendo o presente oito semanas após o dia do churrasco e passado o fatídico dia.


Liane tem uma habilidade nata de prender o leitor desde a primeira página, construindo o suspense em torno de um único dia e trabalhando a narrativa de acordo com o desenrolar dos fatos. Apesar de não acontecer nada muito envolvente durante a narração do presente, é a forma como a autora termina os capítulos e trabalha o suspense que prende o leitor e faz com que passar as páginas seja algo instintivo. Ela faz crescer a curiosidade de forma que a leitura seja rápida mesmo sendo muito descritiva e analítica no que diz respeito à personalidade dos personagens.
Esse é outro ponto digno de ser mencionado. Liane Moriarty tem uma habilidade incrível de criar personagens complexos mesmo que eles sejam as pessoas mais normais e comuns do mundo. Liane Moriarty consegue transformar a banalidade em algo extraordinário e digno de análise.
A história toda é contada de acordo com os pontos de vista de Erika e Oliver, Clementine e Sam, Tiffany e Vid e algumas narrações pontuais de personagens secundários.

“Mais tarde todos diriam: ‘Aconteceu tão depressa’. E acontecera rápido mesmo, mas ao mesmo tempo tudo desacelerara, cada segundo ficaram congelado numa imagem em cores vivas e inesquecíveis, iluminada por luzinhas douradas.”

Ao contrário das outras duas narrativas da autora que mencionei acima, em Até que a culpa nos separe não consegui me apegar a quase nenhum dos personagens, apenas à Dakota, a filha única de Tiffany e Vid que tem uma paixão imensurável por livros e que nutre uma sensibilidade tocante. A maioria dos personagens me deixou indignada ou irritada com suas ações e pensamentos, mas acho que esse é um dos pontos fortes da negativa. Sabe quando dizem: “se você ficou com raiva do ator x é porque ele cumpriu bem o papel dele”? Isso se encaixa aqui. Ao contrário de muitos autores que investem em personagens romantizados e perfeitos, Liane Moriarty consegue criar personagens tão reais que nos tocam.
Ela descreve os defeitos e falhas de cada um deles de forma que podemos nos identificar de alguma forma com pelo menos dois dos personagens centrais da narrativa. Seja a mulher que teve uma infância terrível e inveja a melhor amiga que teve uma vida perfeita e não parece grata por isso, a menina que acha que é responsável por acontecimentos que lhe fogem ao controle e se condena por isso, o homem que não consegue demonstrar seus sentimentos de forma coerente e acaba afetando seu relacionamento, uma mulher que não sente vergonha de seu passado, mas faz de tudo para que ele não afete o presente etc. Os personagens de Liane Moriarty são espelhos de uma realidade extremamente alcançável. 

“- E se simplesmente não tivéssemos ido? E se uma das meninas tivesse ficado doente, ou se eu tivesse precisado trabalhar, ou se você tivesse precisado trabalhar? Enfim, qualquer coisa que nos fizesse faltar o churrasco... Você pensa nisso?
Ela manteve os olhos fixos no maluco do veleiro.
Houve um silêncio longo demais.
Ela queria que ele disse: Claro que penso nisso. Todos os dias, aliás.
- Mas nós fomos [...]. Nós fomos, não é?”

A única razão para que eu não tenha ficado tão envolvida nessa história como nas anteriores foi o ritmo de leitura. Não devorei esse livro como fiz com os anteriores e demorei um pouco para lê-lo. Apesar da autora conseguir terminar os capítulos da melhor forma possível buscando atrair o leitor para o que está por vir, senti falta de acontecimentos mais quentes e entusiasmantes ao longo dos capítulos.
Apesar disso, continuo impressionada com a capacidade que Liane Moriarty tem de criar narrativas redondinhas. Cada detalhe mencionado ao longo da história tem papel fundamental para a construção da narrativa que é concluída sem pontas soltas. Liane escreve livros que seguem bem seu objetivo e não ficam enrolando ou guardando elementos para uma possível continuação. Gosto de livros pontuais, daqueles que podemos comprar para nos entreter e que concluem uma história da forma mais perfeita possível.
Até que a culpa nos separe é um livro para quem procura uma narrativa inteligente e madura, que trabalha os dilemas familiares de forma humana e extremamente real. É uma história para todos aqueles que gostam de apreciar uma boa leitura e procuram algum livro para passar o tempo.
Se você gostou da resenha e quer conhecer outro livro incrível de Liane Moriarty, confira a resenha de Pequenas grandes mentiras, livro que deu origem à série Big Little Lies, da HBO.


“Erika se virou de costas para esconder o sorriso. Examinou a luz do sol brilhando na árvore com gotas de chuva. Estava muito bonito. Lembrava uma árvore de Natal.
Inclinou a cabeça para trás, curtindo o sol em seu rosto, e viu uma mulher que morava do outro lado da rua, a que amava Jesus, mas com certeza não amava Sylvia. Estava na janela do segundo andar de sua casa, com uma das mãos no vidro, como se estivesse limpando. A mulher parecia olhar diretamente para Erika.
E de repente aconteceu. Erika se lembrou de tudo
.” 

Gostou da resenha? Já leu o livro ou ficou com vontade de ler? Então não esqueça de deixar uma curtida ou um comentário ;)

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9 comments

  1. Olá tudo bom?! Bem o livro parece tratar de assuntos bem delicados de um relacionamento, gostei da frase "como as palavras podem ser mais poderosas que as ações" porque eu acredito muito nisso sabe, você é aquilo que você profetisa na sua vida então as palavras tem muito poder! Em relação ao livro eu não conhecia, mas me interessei muito!!! Gostaria muito de saber o que acontece com esses três casais e como termina no final, bem vou ver se consigo encontra-lo em PDF porque na minha cidade não livraria infelizmente :/

    -Beijoss

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    1. Oi, Stheffany! Tudo bem? Na saraiva tem o ebook, caso você queira compra-lo <3 http://compre.vc/v2/1990c356388

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    2. Oi, em qual pagina ela cita essa frase? "como as palavras podem ser mais poderosas que as ações"

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  2. Oi Laura! Não conheço a autora, mas pela sua resenha fiquei bem interessada em seus livros.

    estante450.blogspot.com.br

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  3. achei ótima sua resenha vou até procurar para comprar esses livros aqui na minha cidade! Parabéns pelo trabalho! Good job

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    1. Fico muito feliz, Daniel! Me conta o que achou depois ;)

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  4. Oi Laura!
    Lendo uma resenha dessas só fico mais na expectativa de ler os livros da Liane.Tenho dois dela aqui na estante,mas ainda não comecei a ler.Achi que mês que vem consigo pegar algum deles pra ler.
    Além de ser um suspense,é bom saber que ela sabe trabalhar com os personagens e deixar o leitor preso até a última página.
    Beijos!

    http://livreirocultural.blogspot.com.br/

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    1. Oi, Cláudio! Fico muito feliz que tenha gostado da resenha, de verdade! Espero que leia e não deixa de me contar o que achou depois, hein? ;)

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