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8 de mai. de 2017

A grama sob seus pés


Ela gostava de sentar ali, sentindo a grama pinicar sua pele e formar um aconchegante tapete verde sob seu corpo. Ela olhava para o céu e observava as nuvens passando enquanto ela inercialmente ficava ali. Presente.
Ela ouvia as palavras que a natureza lhe sussurrava enquanto tentava entender o que elas significavam. Eram murmúrios tão belos, ela podia quase sentir o sopro da vida lhe confessando seus segredos. Mas ela não entendia, por mais que quisesse. Ela gostava de acreditar que sabia o seu lugar no mundo, ela gostava de se iludir pensando que sabia o porquê de tudo aquilo que adorava observar. Mas não sabia.
Ela observava os pássaros cruzarem o céu tentando alcançar algo invisível que parecia observá-la de volta. O quase inaudível som de seus cantos, o movimento silencioso das asas quebrando o ar, a leveza com que eles tentavam pintar o céu com sua presença era hipnotizante. Ela quase não conseguia desviar os olhos daquela pintura.
Enquanto ela ouvia o cantar das aves, o toque do vento nas copas das árvores, os murmúrios dos insetos que se acomodavam na grama sob os seus pés, ela se sentia pequena. Porque sabia que, depois de algum tempo sentada ali, ela não era mais uma estranha àquele lugar.
Os animais se acostumaram com ela, as plantas balançavam alheias à sua presença. A vida continuava quase indiferente à sua figura. Ela se sentia pequena porque sabia que era só mais uma peça de um quebra-cabeça colossal. Era só mais um pedaço de um cenário em constante transformação.
Ela se sentia pequena porque, em meio àquilo tudo, era minúscula. E era nessa pequenez que encontrava sua sanidade.

Um comentário:

  1. Nossa, que texto lindo Laura. Me senti refletida nele em vários momentos mas gostei especialmente dessa parte: Ela se sentia pequena porque sabia que era só mais uma peça de um quebra-cabeça colossal. Uau.
    Escreve bem demais, beijo!

    Sorriso Espontâneo

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