Ela
gostava de sentar ali, sentindo a grama pinicar sua pele e formar um
aconchegante tapete verde sob seu corpo. Ela olhava para o céu e
observava as nuvens passando enquanto ela inercialmente ficava ali.
Presente.
Ela
ouvia as palavras que a natureza lhe sussurrava enquanto tentava
entender o que elas significavam. Eram murmúrios tão belos, ela
podia quase sentir o sopro da vida lhe confessando seus segredos. Mas
ela não entendia, por mais que quisesse. Ela gostava de acreditar
que sabia o seu lugar no mundo, ela gostava de se iludir pensando que
sabia o porquê de tudo aquilo que adorava observar. Mas não sabia.
Ela
observava os pássaros cruzarem o céu tentando alcançar algo
invisível que parecia observá-la de volta. O quase inaudível som
de seus cantos, o movimento silencioso das asas quebrando o ar, a
leveza com que eles tentavam pintar o céu com sua presença era
hipnotizante. Ela quase não conseguia desviar os olhos daquela
pintura.
Enquanto
ela ouvia o cantar das aves, o toque do vento nas copas das árvores,
os murmúrios dos insetos que se acomodavam na grama sob os seus pés,
ela se sentia pequena. Porque sabia que, depois de algum tempo
sentada ali, ela não era mais uma estranha àquele lugar.
Os
animais se acostumaram com ela, as plantas balançavam alheias à sua
presença. A vida continuava quase indiferente à sua figura. Ela se
sentia pequena porque sabia que era só mais uma peça de um
quebra-cabeça colossal. Era só mais um pedaço de um cenário em
constante transformação.
Ela
se sentia pequena porque, em meio àquilo tudo, era minúscula. E era
nessa pequenez que encontrava sua sanidade.
Nossa, que texto lindo Laura. Me senti refletida nele em vários momentos mas gostei especialmente dessa parte: Ela se sentia pequena porque sabia que era só mais uma peça de um quebra-cabeça colossal. Uau.
ResponderExcluirEscreve bem demais, beijo!
Sorriso Espontâneo