Anthony
Doerr
é um nome que vem aparecendo com frequência. Seu livro Toda luz quenão podemos ver foi um sucesso e consagrou o autor. Apesar de ter o livro esperando
para ser lido na minha estante, decidi me aventurar na escrita de
Doerr de um jeito mais descontraído e pessoal. Quatro
estações
em Roma foi meu primeiro contato com o autor americano. Vem ver o que
achei do livro:
“No
dia em que Anthony Doerr e a esposa voltam da maternidade com seus
gêmeos recém-nascidos, ele descobre que recebeu um prêmio da
Academia Americana de Artes e Letras, o Rome Prize, que inclui ajuda
de custo, um apartamento e um estúdio para escrever na Itália.
Quatro estações em Roma nasceu das memórias do ano que o autor
passou na cidade com a esposa e os filhos.
Vindo
do interior dos Estados Unidos, o estranhamento de Doerr com o novo
país começa logo na chegada: a cozinha do apartamento não tem
forno. As janelas não têm telas. Ao contrário do que ocorre nos
Estados Unidos, as verduras e frutas são vendidas em feiras ao ar
livre, e não em um supermercado. Para Doerr, Roma é um mistério:
um outdoor de uma marca de roupas tremulando na fachada de uma igreja
de quatrocentos anos, uma construção comum ao lado de uma
obra-prima da arquitetura. Em meio a tudo isso, ele cuida dos filhos,
lida com uma insônia que parece não ceder e tenta, sem muito
sucesso, escrever um novo romance — Toda luz que não podemos ver,
lançado sete anos mais tarde e que acabaria rendendo ao autor o
Pulitzer de ficção.
Quatro
estações em Roma traz o texto primoroso e sensível que tornou
Doerr celebrado no mundo inteiro, ao mesmo tempo um relato íntimo e
uma celebração da Cidade Eterna.”
FICHA
TÉCNICA
Título:
Quatro
estações em Roma
Autora:
Anthony
Doerr
Ano:
2017
Páginas:
238
Idioma:
Português
Editora:
Intrínseca
Nota:
3/5
Quatro
estações em Roma
é quase
um diário de Anthony Doerr. O autor vive o sonho de muitos
escritores ou aspirantes a escritores: poder se dedicar pelo período
de um ano à escrita de uma história nova, numa cidade maravilhosa e
inspiradora, com muitos dos gastos pagos.
O
livro é dividido em quatro partes correspondentes às quatro
estações do ano, começando pelo outono. O autor descreve, ao longo
de 238 páginas, algumas das suas vivências na capital da Itália e
como isso afetou sua escrita e contribuiu para seu crescimento
pessoal como pai e marido. Anthony
relata o
primeiro Halloween de seus filhos e a primeira tempestade que
enfrentaram no outono, fala
sobre o espanto de moradores locais ao perceberem que Anthony e sua
esposa não agasalharam os filhos de forma adequada para o inverno
local, relata
o impacto da morte do papa durante a primavera e a escolha de um novo
pontífice e compartilha
experiências do escaldante verão em Roma.
“Há
três
meses desembarquei de um avião na Roma de 2004, prenhe de um romance
que eu me considerava capaz de escrever. E, agora, onde estou? E
quando? Pisco, respiro: as lombadas dos livros ao meu redor se
agitam, tremulam, cada um deles a crônica da mente de alguém, uma
inteligência que se debruçou sobre a cidade como uma onda e, ao
atingi-la, se espatifou.”
Sempre
gosto de imaginar o que as pessoas estão pensando. Quando leio
livros como quatro estações em Roma parece que o autor está
compartilhando comigo alguns
pensamentos banais, mas significativos pra ele. É como se estivesse
me deixando entrar no seu pequeno espaço pessoal e
sempre vejo isso como um privilégio.
Gosto
da forma como Doerr
pensa, como ele se atenta aos detalhes. Sempre gostei de autores que
exploram os pequenos acontecimentos
do dia a dia e Doerr faz isso muito bem. Sua
forma de refletir a respeito da recente paternidade, de uma aventura
inédita em um país estrangeiro é interessante e cativante.
Entretanto,
não é um livro muito emocionante ou divertido de ler. Em
determinado momento fica
um
pouco tedioso porque, como é o
relato
de um cotidiano novo em Roma, não acontece nada que deixa a história
emocionante ou que mude o ritmo da leitura. São
pequenos relatos diários, pequenos pensamentos e reflexões que o
autor decide compartilhar com o mundo.
Como
o livro segue a ideia de ser uma coletânea de anotações pessoais,
muitos
parágrafos parecem acabar
de repente, não têm
um final, acabam com uma descrição ou pensamento muitas vezes
inconclusivo.
“Vejo
muito pouco, sei muito pouco. Nunca saberei nem um décimo de tudo.
Um acadêmico seria capaz de passar uma década estudando as grimpas
dos cata-ventos dos telhados de Roma, ou as arcadas, ou as portas dos
batistérios. E quanto descobriria?”
Quatro
estações em Roma
não
é um livro pra ser lido de uma vez apesar de ser bem tranquilo é
fácil de passar as páginas.
Em
determinado momento fica um pouco entediante e, mesmo que cada dia
seja diferente do anterior, fica a impressão de que estamos lendo
várias vezes a mesma coisa. É um livro ótimo para os fãs de
Anthony Doerr já que é uma porta para a mente do autor, para um
período importante de sua história pessoal e profissional.
Se
você gostou da resenha e quer saber mais sobre alguma história
publicada
pela Intrínseca,
vem conferir a resenha de Paris para um.
“O
que a Itália me ensinou? A não ter muitas certezas. A qualquer
momento um trio de jatos passará zunindo acima do apartamento, uma
fralda se desintegrará misteriosamente ou um bebê pulará as
sonecas.Funcionários das empresas de transporte público entram em
greve quando querem. Do nada, uma latinha de moedas de um mendigo
pode aparecer à sua frente. Você espera o sol, mas o que vem é a
chuva.
Olhe
bem de perto: é inevitável que aquilo que é pitoresco na
superfície se desmanche e se torne mais interessante. Em nosso
pequeno quarto de hotel, estou sentado na tampa da privada, a cabeça
de Owen repousada no meu ombro. Às vezes o couro cabeludo dele
cheira a arroz molhado, ainda cru. Uma vez, teve cheiro de folhas
encharcadas. Hoje tem o cheiro de um lago fundo e frio no verão.
A
cidade dorme. O coraçãozinho dele bate junto ao meu.”
Gostou
da resenha? Já leu o livro ou ficou com vontade de ler? Então não
esqueça de deixar uma curtida ou um comentário ;)
Oie Laura. ♥ Nossa. Confesso que seria uma aventura para mim ler este livro. Mesmo sem muitas aventuras em si. Nunca li nada parecido. Gosto de livros fictícios, e não sei como eu reagiria lendo relatos cotidianos de um autor em Roma. Seria, como disse... uma aventura para mim! Se um dia eu o encontrar na biblioteca da cidade, eu o lerei. ♥ Ótima resenha!
ResponderExcluirACESSO PERMITIDO. ♥
www.acessopermitido.com
Oi, Elcimar! Vale a pena dar uma chance para a leitura, garanto! <3
ExcluirEu achei muito interessante a ideia do livro ser dividido por estações e por se passar na Itália deve ser uma ótima leitura. Mas como nunca tinha nem ouvido falar desse autor acho que não seria uma boa leitura pra mim. Quem sabe daqui um tempinho :))
ResponderExcluirÓtima resenha, beijo!
Sorriso Espontâneo
Oi, Betânia! Adoro quando você comenta aqui no blog ahaha É, talvez você goste mais de alguma história de ficção do autor, ele está fazendo muito sucesso <3
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