O
cheiro salgado da brisa do mar era como uma lufada de ar fresco que ela há
muito tempo não sentia. Os minúsculos grãos de areia escorriam pela sua pele
como ousados pontinhos dourados. A sensação era esfoliante e agradável. O
grosso tapete de areia em baixo de seu corpo ameaçava engoli-la a qualquer
momento.
Ela
mantinha o olhar na sua esquerda, com a cabeça descansando em uma pequena saída
de praia dobrada para servir de travesseiro. Tudo parecia estar no mais
perfeito lugar.
Ela
adorava o mar, era uma realidade tão distante que ela tentava aproveitar cada
segundo quando tivesse oportunidade. Gostava de observar as pessoas se
entretendo com esportes na areia, se divertia com as quedas daqueles que
estavam aprendendo a surfar, observava o comportamento tímido e receoso de
casais se conhecendo. Ela gostava de ver o mundo girando, a vida acontecendo
diante dos seus olhos. Gostava da sensação de se recolher um pouco e se tornar
uma mera observadora do mundo. Ela estava sentada debaixo de um guarda sol
perfeitamente posicionado para proteger-lhe todo o corpo.
Um
garoto que não devia ter mais que cinco anos se divertia correndo atrás das
ondas e fugindo quando eram elas que o perseguiam. Há uma curta distância sua
mãe o observava atentamente com um sorriso tranquilo. De vez em quando ele
voltava correndo para lhe contar as pequenas e incríveis aventuras que
vivenciava e ela apenas sorria e assentia.
Um
movimento chamou sua atenção pela visão periférica. Uma pequena formiga se
aventurava pelo deserto de areia movendo as minúsculas patinhas de forma quase
hipnotizante. Ela não conseguia tirar os olhos do bichinho que era pouco maior
que os grãos que cobriam aquele tapete dourado. Quando a formiga sumiu de
vista, ela estendeu o braço esquerdo até o ponto em que a sombra não mais a
alcançava.
Poucos
instantes depois ela já começou a sentir uma onda de calor acariciando sua pele
nua. Ela moveu as mãos um pouquinho tentando cobrir o seu braço todo de luz.
O
barulho das ondas de quebrando na areia, o calor do sol acariciando sua pele, o
gosto de sal na ponta de sua língua, aquilo era verão pra ela.
-
Ei - Uma voz grossa a chamou.
Ela
virou o rosto para baixo, para a voz tão familiar que lhe chamava.
Ele
estava deitado com a cabeça em seu colo e a toalha que antes servira de escudo
para o vento que castigava, agora estava jogada na areia.
Ela
sorriu e passou uma mão por sua testa, tirando alguns fios de cabelo de seus
olhos. Ele olhava para ela com os olhos entreabertos, com aquela cara amassada
de sono. Mesmo daquele jeito ela achava que era o homem mais lindo do mundo.
-
Olá - ela sorriu apaixonada.
-
Quanto tempo eu dormi? - ele perguntou com a voz rouca mais deliciosa de todas.
-
Uns quarenta minutos - ela respondeu.
Ele
se espreguiçou um pouco e se aninhou mais no colo dela. Ergueu a mão e
acariciou seu rosto com carinho. Com uma mão, ela manteve a dele ali, em sua
bochecha. Beijou a palma da mão dele com suavidade.
Ela
estava enganada.
O
barulho das ondas de quebrando na areia, o calor do sol acariciando sua pele, o
gosto de sal na ponta de sua língua. E ele. Bem ali com ela, naquele momento,
daquele jeito. Aquilo sim era verão. Aquilo sim era amor.
RECADO MAIS QUE ESPECIAL: Chegou ao fim a semana de Aconteceu
naquele verão e pensei que não teria forma melhor de encerrar esses cinco dias
de posts do que com um mini conto muito especial pra mim. Espero que tenham
gostado da semana de posts diários, foi um desafio enorme conseguir me
programar direitinho e escrever os posts do jeito que eu queria. Me conta qual
dos posts você mais gostou e porque, vou adorar saber. Espero que todos estejam
tendo dias maravilhosos de verão. Muitas energias positivas e, claro, muito
amor pra todo mundo <3
QUE LINDOOOOO, VOCÊ É DEMAIS!
ResponderExcluirhttp://grandemetamorphose.blogspot.com.br/
Poxa, muuuito obrigada <3
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