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26 de set. de 2016

Resenha: Arquivos Serial Killers



O box Arquivos Serial Killers foi minha primeira aquisição da Darkside depois de muito tempo babando nas capas maravilhosas que a editora expõe nas prateleiras. Minhas primeiras leituras foram tudo o que eu esperava: eletrizantes, completas e incríveis. 

Ilana Casoy é autoridade no que diz respeito a mentes criminosas e resolução de crimes no Brasil. Para escrever seu primeiro livro, a escritora mergulhou em arquivos da polícia e da Justiça, do FBI e da Scotland Yard, além de ter feito extensas pesquisas em livros e artigos de jornais e revistas para compor um inquietante roteiro de como, por que razão e com que métodos os serial killers agem. Perturbador e por muitas vezes comovente, o relato de Casoy, escrito depois de rigorosa pesquisa em diversas fontes, nos apresenta histórias que nem a ficção e o cinema conseguiram imaginar.

Desde sempre me interessei por assuntos voltados aos famosos serial killers, sempre me interessei pela falta de empatia, por todo o mistério acerca da mente dos grandes psicopatas. O box parecia uma aquisição imperdível, e para quem é fã do tema, com toda certeza é essencial.
Ilana Casoy mostra, em cada parágrafo, porque é uma especialista e como é capaz de mergulhar na mente perturbada dos assassinos. Ao começo dos dois livros, Ilana explica de forma didática como a psicopatia é entendida por especialistas e procura deixar o leitor a par de tudo que será analisado, discutido e observado.
Dois livros compõe o box e decidi começar por Made in Brazil


Após o sucesso do seu primeiro livro, Ilana Casoy dedicou-se a uma pesquisa rigorosa para investigar os serial killers brasileiros, no que viria a ser o primeiro livro do gênero dedicado aos assassinos em série do Brasil. Foram cinco anos de pesquisas, visitas a arquivos públicos, manicômios e penitenciárias, além de entrevistas cara a cara com personificações do mal em terras tupiniquins, para compor um inquietante roteiro com rigor investigativo de como, por quê e com que métodos os serial killers brasileiros atuam. Em Made in Brazil, Casoy relata sete casos de serial killers brasileiros, três dos quais ela entrevistou pessoalmente: Marcelo Costa de Andrade, o vampiro de Niterói, um dos casos e depoimentos mais chocantes do currículo da autora; Francisco Costa Rocha, o Chico Picadinho; e Pedro Rodrigues Filho, o Pedrinho Matador”.

Por serem assassinos brasileiros, a leitura me chocou mais, mesmo que alguns dos crimes não fossem tão violentos ou animalescos como os de outros serial killers internacionais. O fato dos crimes terem acontecido muitas vezes em conhecidas cidades brasileiras dá uma sensação de proximidade aterrorizante. Ao contrário do livro Louco ou Cruel? da autora, em que são vários os assassinos retratados, Made in Brazil apresenta poucos, mas relatos extremamente detalhados e aprofundados.
Por ter tido contato direto com os assassinos, o relato se torna extremamente real e cruel. Ilana transcreve a entrevista com Marcelo Costa de Andrade com todas as suas palavras exatas e é bem perturbador. O assassino descreve cada um de seus crimes de forma detalhada e sem medir palavras, é como se nada daquilo o atingisse de forma alguma, como se ele estivesse descrevendo o que comeu no café da manhã. Além disso, Ilana teve acesso a fotos dos crimes e algumas delas compõem as páginas, deixando a leitura ainda mais completa e pesada. Made in Brazil não foi um livro fácil de digerir, não li com tanta rapidez como costumo ler outros livros. Foi uma leitura densa, não só pelo realismo daquilo que Ilana relata, mas pela reflexão dos pensamentos (ou possíveis pensamentos) dos assassinos. 


A primeira parte de Louco ou Cruel? aborda os serial killers sob diversos aspectos e à luz da Criminologia, do Direito, da Psiquiatria e da Psicologia, e dedica-se a dissecar este universo, analisando como tudo começa, quem são as vítimas, os aspectos gerais e psicológicos, os mitos e as crenças, o perfil do criminoso, a psicologia investigativa, a análise do local do crime e a encenação/organização da cena. Na segunda parte do livro, Casoy apresenta em detalhes 16 casos de serial killers que chocaram e marcaram o século XX, entre eles Albert Fish, Ed Gein, Ted Bundy, Andrei Chikatilo, Jeffrey Dahmer, Aileen Wuornos e o Zodíaco, cuja identidade segue desconhecida até hoje. Histórias que habitam as entranhas da humanidade e o que ela tem de pior: frieza, perversidade e falta de sensibilidade que acabam por produzir o mal em escalas inimagináveis.

Louco ou Cruel? foi um pouco mais fácil de ler, não porque os crimes foram “menos cruéis”, mas porque são relatos mais curtos devido à quantidade de assassinos e por já estar preparada para a leitura. Por me interessar muito pelo tema, sempre assisti a programas de investigação e alguns dos assassinos já me eram familiares. Nesse livro, Ilana não faz tantas análises aprofundadas a respeito da mente dos serial killers, até porque seu contato não foi direto, mas não deixa de escrever relatos detalhados e muito bem explicados. 


Ambos os livros foram escritos não apenas para esclarecer a respeito do tema, mas para saciar a curiosidade dos fãs e interessados pelo assunto. São dados estatísticos, entrevistas exclusivas com os "monstros" e várias curiosidades como, por exemplo, uma tabela com o número de assassinos seriais em vários países. Cada capítulo começa com uma frase dita pelo assassino em questão. Além disso, as fotografias deixam os relatos muito mais reais e palpáveis, as vítimas e assassinos ganham rostos e personalidades.
Os livros são extremamente bem escritos, gostei muito da forma com que Ilana escreve. É uma leitura fácil e muito didática. Não é um livro sádico, um livro perturbador, e sim esclarecedor e muito explicativo.
Também são livros muito bem feitos, dá pra perceber o trabalho e o acabamento. Esse é um detalhe que sempre me encantou muito nos livros da Darkside, todos os livros parecem ter sido feitos com muito carinho e de forma muito criativa. A diagramação, as ilustrações, fotos e composição dos relatos; tudo isso serviu para criar um livro visualmente bonito e atraente.
Se eu tivesse que escolher apenas um para ler, leria Louco ou Cruel? por ser uma coletânea mais vasta que Made in Brazil, mesmo que não tão detalhada. Nunca havia lido um livro da Ilana Casoy e com certeza lerei outros da autora, sua escrita me conquistou, além do tema extremamente interessante. Minha primeira leitura de um exemplar da Darkside foi tudo o que eu esperava e estou apaixonada pela editora, com certeza irei ler mais livros do selo e espero me surpreender cada vez mais.

O box Arquivos Serial Killers  foi escrito por Ilana Casoy e publicado pela editora Darkside.

            Classificação: 5/5 estrelas.

“Escrever um livro sobre casos reais e não uma ficção faz diferença no futuro de um escritor. A história de ficção está na imaginação, ela começa e termina quando é como você quiser. Durante o processo criativo não há limite, aí então você publica. Pronto! Trabalho encerrado. Se anos depois você ler e não gostar, paciência. Você pode dizer que mudou seu estilo, oitos podem chegar à mesma conclusão, mas a história ali contada não muda mais.
Relatar fatos reais muda tudo.
[...]
Houve muita reflexão sobre deixar ou não as fotografias dos assassinos, mas penso ser importante que todos percebam como é fácil um lobo se vestir em pele de cordeiro em uma cultura na qual o belo é bom e o feio é mau. Neste livro se vê que não é nada assim na vida real: o mais belo pode ser também o mais cruel. Seria maravilhoso que nossas crianças aprendessem isso.”


Gostou da resenha? Já leu o livro ou ficou com vontade de ler? Então não esqueça de deixar uma curtida ou um comentário ;)

Um comentário:

  1. A Darkside está mandando bem demais, cada livro me deixa mais fã da editora. Eu não cheguei a ler esse, mas um colaborador do meu blog tem e vive falando do livro, acho que pegarei emprestado ASAP!

    Parabéns pela resennha, ficou maravilhosa.


    beijos.
    vidaemserie.com

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