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8 de ago. de 2016

Resenha: Alucinadamente feliz – Jenny Lawson



            Alguns livros aparecem na nossa vida para reconquistar a fé na humanidade e o fazem de uma forma simplesmente encantadora. Alucinadamente feliz foi uma dessas surpresas que definitivamente vão ocupar um lugar mais que especial na minha estante. É um livro humano, honesto e incrível que todo mundo deveria tirar um tempo para ler pelo menos alguns capítulos.

“Hoje meu marido, Victor, me entregou uma carta informando a morte inesperada de mais um amigo. Talvez você imagine que isso vai me lançar numa espiral de ansiolíticos e músicas da Regina Spektor, mas não. Não vai. Estou de saco cheio da tristeza e não sei qual é o problema do universo, mas pra mim JÁ CHEGA. VOU SER ALUCINADAMENTE FELIZ, SÓ DE RAIVA.”

            Alucinadamente feliz é um livro simplesmente encantador. Antes mesmo de começar a ler os primeiros capítulos já estava rindo das sutilezas de Jenny Lawson. A Intrínseca caprichou na edição do livro, são diversos detalhes para entreter o leitor e exemplificar a personalidade excêntrica de Jenny. O livro é cheio de notas de rodapé da autora que chegam a ser mais engraçados do que a narrativa em si, se é que é possível.
            O livro é composto por vários capítulos seguindo a ideia de ser uma coletânea de crônicas. Jenny Lawson é uma depressiva altamente funcional com transtorno de ansiedade grave, depressão clínica moderada, distúrbio de automutilação brando, transtorno de personalidade esquiva e um ocasional transtorno de despersonalização, além de tricotilomania (que é a compulsão de arrancar os cabelos). Além disso, Jenny também possui vários distúrbios de sono (quase todos, menos o que ela queria, de acordo com a autora), além de sofrer com uma grave artrite. Todos esses problemas são mais do que suficientes para que Jenny passasse por situações bem dolorosas durante sua vida, mas, mesmo assim, ela se mostra uma mulher extremamente forte e decidida a ser feliz acima de tudo que a aflige. 


            São diversas histórias engraçadas com comentários e pensamentos hilários. Alguns capítulos são mais cômicos, como “Tenho um distúrbio do sono que ou vai me matar ou vai matar outra pessoa”. Apesar de ser um assunto sério, Jenny comenta a respeito de suas experiências de uma forma leve e digna de um stand up comedy. Já outros capítulos são mais tocantes e, mesmo sem perder seu típico humor, falam de momentos mais sofridos e comoventes. Um dos meus favoritos é “Finja que é boa nisso”, em que a autora descreve um momento incrível em que estava no meio de uma dor absurda causada pela artrite e pisou na neve pela primeira vez. Em meio a um momento horrível ela consegue tirar uma experiência mágica. É realmente inspirador.
            Jenny Lawson é uma mulher realmente admirável e muito sincera. Ela não tem medo de ser quem ela é e, levando em conta todos os pensamentos que tomam conta de sua mente nos seus piores dias, é encantador conhecer um pouco mais de seu jeito extrovertido. Ela está sempre tentando ser a melhor versão de si mesma, mesmo que isso signifique passar um dia inteiro sem fazer nada além de comer uma enorme quantidade de salgadinhos ou passar horas e horas debaixo das cobertas assistindo a reprises de Doctor Who com sua filha. 


            Algo muito interessante de observar durante o livro é o relacionamento de Jenny com seu marido, Victor, e sua filha. É muito difícil e complicado conviver com alguém que sofre de transtornos mentais, é impossível entender perfeitamente o que a pessoa sofre. Entretanto, Victor se mostra um marido muito presente e extremamente compreensivo. Ambos são completamente diferentes, mas, mesmo com inúmeras discussões (algumas delas escritas em detalhes nos livros), a dinâmica entre eles parece funcionar perfeitamente.
Se você sofre de depressão, ansiedade, crises de pânico, ou qualquer outro transtorno que te atormenta e te impede de ser quem você é, e ser feliz, esse é um livro indiscutivelmente necessário. Se você conhece alguém que já sofreu ou que sofre também, é um presente muito bem-vindo e é uma das melhores ajudas que você poderia oferecer. Alucinadamente feliz não é um livro de autoajuda, não é um manual, é melhor. Jenny é uma amiga incrível que te entende de forma sincera e oferece uma nova perspectiva a respeito dos momentos mais difíceis que esses transtornos podem causar.
Alucinadamente feliz é um livro tocante, engraçadíssimo e extremamente necessário. Jenny Lawson faz uma contribuição gigantesca para uma sociedade que só agora está começando a aceitar a gravidade de doenças como a depressão e a ansiedade. É um livro que transcende gêneros e gerações.




MELHORES CAPÍTULOS

• Tenho um distúrbio do sono que ou vai me matar ou vai matar outra pessoa
• Finja que é boa nisso
• Não sou psicótica. Só preciso passar a sua frente na fila
• Deixei meu coração em São Francisco (mas substituía "em São Fransisco" por "na casa dos lêmures" e "coração" por uma interrogação triste)
• Aprendias: uma entrevista com a autora. O que eu quero que você saiba: morrer é fácil. Humor é difícil. Depresso clínica não é um passeio, porra!
• Louca como uma raposa ao contrário
• Cosias que posso ter dito sem querer em momentos de silêncio desconfortável
• Você está melhor do que Galileu. Porque ele está morto.
• Tudo depende do seu ponto de vista (O Livro de Nelda)
• O grande questionário
• Aquele bebê estava delicioso
• Poderia ser mais fácil, mas não seria melhor


Alucinadamente feliz foi escrito por Jenny Lawson e publicado pela editora Intrínseca.

            Classificação: 5/5 estrelas.

“"Não, não. Eu insisto que você pare agora mesmo.
Ainda está aqui? Excelente. Agora não vai poder me culpe por nada que encontrar neste livro, porque eu avisei que deveria parar e você continuou mesmo assim. Você é como a mulher do Barba Azul quando encontrou todas aquelas cabeças no armário. (Alerta de spoiler) Mas, particularmente, acho que isso é bom. Ignorar as cabeças humanas decepadas no armário não contribui para um relacionamento, só gera um armário com sérios problemas de higiene e possivelmente uma acusação de cúmplice. Você precisa enfrentar essas cabeças decepadas, pois não pode crescer sem reconhecer que todos somos feitos da esquisitice que tentamos esconder do resto do mundo. Todo mundo tem cabeças humanas no closet. Às vezes as cabeças sal segredos ou confusões não ditas, ou ainda média silenciosos. Este livro é uma dessas cabeças decepadas. O que você tem nas mãos é a minha cabeça decepada. A analogia é ruim, mas, em minha defesa, eu disse que era melhor parar. Não quero culpar a vítima, mas agora estamos juntos nessa.”

Gostou da resenha? Já leu o livro ou ficou com vontade de ler? Então não esqueça de deixar uma curtida ou um comentário ;)

11 comentários:

  1. Não sabia que era possível se apaixonar por um livro só pela resenha, já estou morrendo de vontade de ler ele <3 Já vou colocar ele bem no topo da lista de livros para comprar!

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  2. Quero comprar esse livro desde que eu ouvi falar dele pela primeira vez e tenho certeza que vou gostar. O tipo de escrita dele me lembra muito O Que Me Faz Pular do Naoki que foi publicado também pela Intrínseca. Ele elucida várias questões sobre o autismo que ele tem e as pessoas não entendem.

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    1. Não conhecia esse livro, com certeza vou procurar sabe mais sobre ele. Pelo visto, se você gostou desse, vai amar Alucinadamente feliz, garanto!

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  3. Não conhecia o livro, nem se quer a autora, mas pelo que descreveu ela se mostra forte com tanta coisa contra e isso já é o suficiente para eu querer devorar o livro.
    Amei a resenha.
    Charme-se

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    1. Também não conhecia a autora, mas fiquei muito feliz com o jeito que ela escreve e com o livro, me encantou <3

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  4. Quando vi a foto da capa do livro lá na página do facebook que tu compartilhou (não lembro qual, mas é de divulgação), eu pensei, preciso ver essa resenha e cá estou.
    Eu necessito desse livro, sério, ainda mais depois que li a resenha. Cara eu amei as notas sobre a escritora rs.

    Beijos

    camilatuan.com

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    1. O livro é todo engraçadinho, todo lindinho. Espero que leia mesmo e que goste <3

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  5. Laura,

    Eu, simplesmente, amo vir aqui no seu blog e ler suas resenhas e histórias, contos, o que quer que seja!
    Você tem um astral muito lá em cima e isso me deixa muito bem! Obrigada por existir, pena que eu não tenho muito tempo de interagir. Mas, pode acreditar que estou muitas vezes visitando "sua casa-blog" e adorando tudo!
    Sobre o livro Alucinadamente Feliz: A capa é a minha cara! Eu costumo forçar a barra da felicidade e por isso, semana passada, ao entrarmos na livraria, quando meu marido me perguntou que livro gostaria de levar, eu me aguarrei com esse simpático guaxinim... kkkkkk. Estou lendo dois livros agora e ele está lá, todo feliz me esperando!!! Amo o sorriso e faço de tudo pra alegrar quem está por perto de mim, acho que tenho um pouco desse livro na essência! Acredito que vou amá-lo!

    Beijão!

    Drica.

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    1. Nossa, muito obrigada por esse comentário lindo, Adriana! Você fez meu dia, de verdade <3 Espero que você continue visitando o Nostalgia e que eu continue fazendo seus dias um pouquinho melhores. Por favor volte mais vezes <3
      Tenho certeza de que você vai amar esse livro, é muuuuito lindinho, me encantou. Não deixa de me contar o que achou, pode ser? E nunca perca essa qualidade incrível que é ser feliz e amar ser feliz, todo mundo deveria ser assim <3

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  6. Apaixonada com a resenha! Já quero esse livro pra mim <3

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