Alguns livros aparecem na nossa vida para reconquistar a
fé na humanidade e o fazem de uma forma simplesmente encantadora.
Alucinadamente feliz foi uma dessas surpresas que definitivamente vão ocupar um
lugar mais que especial na minha estante. É um livro humano, honesto e incrível
que todo mundo deveria tirar um tempo para ler pelo menos alguns capítulos.
“Hoje meu marido, Victor, me entregou
uma carta informando a morte inesperada de mais um amigo. Talvez você imagine
que isso vai me lançar numa espiral de ansiolíticos e músicas da Regina
Spektor, mas não. Não vai. Estou de saco cheio da tristeza e não sei qual é o
problema do universo, mas pra mim JÁ CHEGA. VOU SER ALUCINADAMENTE FELIZ, SÓ DE
RAIVA.”
Alucinadamente feliz é um livro simplesmente encantador.
Antes mesmo de começar a ler os primeiros capítulos já estava rindo das
sutilezas de Jenny Lawson. A Intrínseca caprichou na edição do livro, são
diversos detalhes para entreter o leitor e exemplificar a personalidade excêntrica
de Jenny. O livro é cheio de notas de rodapé da autora que chegam a ser mais
engraçados do que a narrativa em si, se é que é possível.
O livro é composto por vários capítulos seguindo a ideia de
ser uma coletânea de crônicas. Jenny Lawson é uma depressiva altamente
funcional com transtorno de ansiedade grave, depressão clínica moderada,
distúrbio de automutilação brando, transtorno de personalidade esquiva e um
ocasional transtorno de despersonalização, além de tricotilomania (que é a
compulsão de arrancar os cabelos). Além disso, Jenny também possui vários
distúrbios de sono (quase todos, menos o que ela queria, de acordo com a
autora), além de sofrer com uma grave artrite. Todos esses problemas são mais
do que suficientes para que Jenny passasse por situações bem dolorosas durante
sua vida, mas, mesmo assim, ela se mostra uma mulher extremamente forte e
decidida a ser feliz acima de tudo que a aflige.
São diversas histórias engraçadas com comentários e
pensamentos hilários. Alguns capítulos são mais cômicos, como “Tenho um
distúrbio do sono que ou vai me matar ou vai matar outra pessoa”. Apesar de ser
um assunto sério, Jenny comenta a respeito de suas experiências de uma forma
leve e digna de um stand up comedy. Já
outros capítulos são mais tocantes e, mesmo sem perder seu típico humor, falam
de momentos mais sofridos e comoventes. Um dos meus favoritos é “Finja que é
boa nisso”, em que a autora descreve um momento incrível em que estava no meio
de uma dor absurda causada pela artrite e pisou na neve pela primeira vez. Em
meio a um momento horrível ela consegue tirar uma experiência mágica. É
realmente inspirador.
Jenny Lawson é uma mulher realmente admirável e muito sincera.
Ela não tem medo de ser quem ela é e, levando em conta todos os pensamentos que
tomam conta de sua mente nos seus piores dias, é encantador conhecer um pouco mais
de seu jeito extrovertido. Ela está sempre tentando ser a melhor versão de si
mesma, mesmo que isso signifique passar um dia inteiro sem fazer nada além de
comer uma enorme quantidade de salgadinhos ou passar horas e horas debaixo das
cobertas assistindo a reprises de Doctor Who com sua filha.
Algo muito interessante de observar durante o livro é o
relacionamento de Jenny com seu marido, Victor, e sua filha. É muito difícil e complicado
conviver com alguém que sofre de transtornos mentais, é impossível entender
perfeitamente o que a pessoa sofre. Entretanto, Victor se mostra um marido
muito presente e extremamente compreensivo. Ambos são completamente diferentes,
mas, mesmo com inúmeras discussões (algumas delas escritas em detalhes nos
livros), a dinâmica entre eles parece funcionar perfeitamente.
Se
você sofre de depressão, ansiedade, crises de pânico, ou qualquer outro
transtorno que te atormenta e te impede de ser quem você é, e ser feliz, esse é
um livro indiscutivelmente necessário. Se você conhece alguém que já sofreu ou
que sofre também, é um presente muito bem-vindo e é uma das melhores ajudas que
você poderia oferecer. Alucinadamente feliz não é um livro de autoajuda, não é
um manual, é melhor. Jenny é uma
amiga incrível que te entende de forma sincera e oferece uma nova perspectiva a
respeito dos momentos mais difíceis que esses transtornos podem causar.
Alucinadamente
feliz é um livro tocante, engraçadíssimo e extremamente necessário. Jenny
Lawson faz uma contribuição gigantesca para uma sociedade que só agora está
começando a aceitar a gravidade de doenças como a depressão e a ansiedade. É um
livro que transcende gêneros e gerações.
MELHORES CAPÍTULOS
• Tenho um distúrbio do
sono que ou vai me matar ou vai matar outra pessoa
• Finja que é boa nisso
• Não sou psicótica. Só
preciso passar a sua frente na fila
• Deixei meu coração em
São Francisco (mas substituía "em São Fransisco" por "na casa
dos lêmures" e "coração" por uma interrogação triste)
• Aprendias: uma
entrevista com a autora. O que eu quero que você saiba: morrer é fácil. Humor é
difícil. Depresso clínica não é um passeio, porra!
• Louca como uma raposa ao
contrário
• Cosias que posso ter
dito sem querer em momentos de silêncio desconfortável
• Você está melhor do que
Galileu. Porque ele está morto.
• Tudo depende do seu
ponto de vista (O Livro de Nelda)
• O grande questionário
• Aquele bebê estava
delicioso
• Poderia ser mais fácil,
mas não seria melhor
Alucinadamente feliz foi escrito por Jenny Lawson e publicado pela editora Intrínseca.
Classificação: 5/5
estrelas.
Ainda
está aqui? Excelente. Agora não vai poder me culpe por nada que encontrar neste
livro, porque eu avisei que deveria parar e você continuou mesmo assim. Você é
como a mulher do Barba Azul quando encontrou todas aquelas cabeças no armário.
(Alerta de spoiler)
Mas, particularmente, acho que isso é bom. Ignorar as cabeças humanas decepadas
no armário não contribui para um relacionamento, só gera um armário com sérios
problemas de higiene e possivelmente uma acusação de cúmplice. Você precisa
enfrentar essas cabeças decepadas, pois não pode crescer sem reconhecer que
todos somos feitos da esquisitice que tentamos esconder do resto do mundo. Todo
mundo tem cabeças humanas no closet. Às vezes as cabeças sal segredos ou
confusões não ditas, ou ainda média silenciosos. Este livro é uma dessas
cabeças decepadas. O que você tem nas mãos é a minha cabeça decepada. A
analogia é ruim, mas, em minha defesa, eu disse que era melhor parar. Não quero
culpar a vítima, mas agora estamos juntos nessa.”
Gostou da
resenha? Já leu o livro ou ficou com vontade de ler? Então não esqueça de
deixar uma curtida ou um comentário ;)
Não sabia que era possível se apaixonar por um livro só pela resenha, já estou morrendo de vontade de ler ele <3 Já vou colocar ele bem no topo da lista de livros para comprar!
ResponderExcluirMuito obrigada por esse comentário, fez meu dia <3
ExcluirQuero comprar esse livro desde que eu ouvi falar dele pela primeira vez e tenho certeza que vou gostar. O tipo de escrita dele me lembra muito O Que Me Faz Pular do Naoki que foi publicado também pela Intrínseca. Ele elucida várias questões sobre o autismo que ele tem e as pessoas não entendem.
ResponderExcluirNão conhecia esse livro, com certeza vou procurar sabe mais sobre ele. Pelo visto, se você gostou desse, vai amar Alucinadamente feliz, garanto!
ExcluirNão conhecia o livro, nem se quer a autora, mas pelo que descreveu ela se mostra forte com tanta coisa contra e isso já é o suficiente para eu querer devorar o livro.
ResponderExcluirAmei a resenha.
Charme-se
Também não conhecia a autora, mas fiquei muito feliz com o jeito que ela escreve e com o livro, me encantou <3
ExcluirQuando vi a foto da capa do livro lá na página do facebook que tu compartilhou (não lembro qual, mas é de divulgação), eu pensei, preciso ver essa resenha e cá estou.
ResponderExcluirEu necessito desse livro, sério, ainda mais depois que li a resenha. Cara eu amei as notas sobre a escritora rs.
Beijos
camilatuan.com
O livro é todo engraçadinho, todo lindinho. Espero que leia mesmo e que goste <3
ExcluirLaura,
ResponderExcluirEu, simplesmente, amo vir aqui no seu blog e ler suas resenhas e histórias, contos, o que quer que seja!
Você tem um astral muito lá em cima e isso me deixa muito bem! Obrigada por existir, pena que eu não tenho muito tempo de interagir. Mas, pode acreditar que estou muitas vezes visitando "sua casa-blog" e adorando tudo!
Sobre o livro Alucinadamente Feliz: A capa é a minha cara! Eu costumo forçar a barra da felicidade e por isso, semana passada, ao entrarmos na livraria, quando meu marido me perguntou que livro gostaria de levar, eu me aguarrei com esse simpático guaxinim... kkkkkk. Estou lendo dois livros agora e ele está lá, todo feliz me esperando!!! Amo o sorriso e faço de tudo pra alegrar quem está por perto de mim, acho que tenho um pouco desse livro na essência! Acredito que vou amá-lo!
Beijão!
Drica.
Nossa, muito obrigada por esse comentário lindo, Adriana! Você fez meu dia, de verdade <3 Espero que você continue visitando o Nostalgia e que eu continue fazendo seus dias um pouquinho melhores. Por favor volte mais vezes <3
ExcluirTenho certeza de que você vai amar esse livro, é muuuuito lindinho, me encantou. Não deixa de me contar o que achou, pode ser? E nunca perca essa qualidade incrível que é ser feliz e amar ser feliz, todo mundo deveria ser assim <3
Apaixonada com a resenha! Já quero esse livro pra mim <3
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