Ela sempre gostou de mergulhar em
histórias. Sentia sede de viver momentos que estivessem fora de seu alcance,
adorava sentir seu peito se enchendo de alegria ao passar páginas inéditas. Por
muito tempo se sentia quase completa apenas com aqueles simples instantes em
que podia se dar ao luxo de deixar que outra realidade tomasse conta de sua
mente. Deixava com que as histórias que lia fossem seu norte.
Ela estava sentada em frente a uma
escrivaninha com um livro aberto à sua frente. Em silêncio ela corria os olhos
pelas páginas amareladas e apoiava o rosto em uma das mãos. Era uma tarde
tranquila, até os passarinhos do lado de fora pareciam serenos e
despreocupados. Ela se sentia... Bem.
Estava mergulhada em sua leitura e
quase não foi capaz de ouvir um murmúrio contido. Olhou para a cama há alguns
centímetros de distância e sentiu um sorriso tomando conta de seus lábios.
Sequer tentou contê-lo.
Ele estava deitado com metade do corpo
sendo coberto por um lençol. Seus olhos estavam fechados em um sono profundo e
sua boca, levemente entreaberta, parecia extremamente convidativa. Ela não pôde
evitar a tentação de ficar ali encarando-o, se perguntando o que ele poderia
estar sonhando. Não fazia muito tempo que ele adormecera, mas sonhos dos mais
diversos pareciam tomar conta de sua mente e saiam para brincar em suas
sobrancelhas.
Ela mudou de posição na cadeira pra
poder observá-lo melhor.
Seus cabelos castanhos estavam mais
compridos que o habitual, caíam rebeldes em sua testa e se espalhavam pelo
travesseiro. Ele estava sem camisa e ela podia ver os contornos perfeitamente
marcados de seu peitoral e braços. Um dos braços sumia embaixo do travesseiro,
mas o outro descansava por cima do fino lençol. Ela sentiu inveja daquele
pedaço de pano que parecia se moldar ao corpo dele.
Ele respirou profundamente e por um
instante ela achou que ele fosse abrir os olhos. Quando ele continuou
cochilando, ela deixou escapar um riso baixo e suspirou. Poderia ficar sentada
naquele exato lugar apenas admirando-o por um bom tempo.
Esqueceu-se completamente do livro que
descansava em cima da mesa. Esqueceu-se de tudo que estava lendo. Esqueceu-se
daquela estranha história. Afinal... Agora ela estava olhando pra a sua
história.
Levantou-se da cadeira sem se preocupar
em não fazer barulho. Ela precisava dele. Sentia falta dele e ele estava bem na
sua frente, ao alcance de seus braços, de suas mãos, de seus dedos. E foi o que
ela fez.
Foi até a cama, até ele, e passou
cuidadosamente por cima de seu corpo de modo que ficou entre ele e a parede.
Levantou o lençol que o cobria e se aninhou no corpo dele. Ergueu o braço
musculoso que descansava sobre o próprio corpo e se aninhou naquele calor.
Agora ela podia enterrar o rosto no pescoço dele e se perder naquele cheiro por
alguns instantes. Ele tinha um cheio amadeirado, delicioso, familiar. Depositou
um beijo em seu maxilar tentando fazer com que pelo menos um décimo do que
sentia pudesse magicamente ser absorvido pela pele dele.
Deitada com seus corpos colados ela
podia sentir todo o corpo formigar. Como um momento tão simples e calmo como
aquele podia fazer com que seu coração disparasse dentro do peito? Ela se
sentia melhor do que em muito tempo. Nunca havia se sentido daquele jeito e
estava facilmente ficando viciada no sentimento que ele despertava. Havia se
apaixonado pelo amor que sentia por esse homem. E a vida nunca foi tão
doce.
Após alguns segundos ela pôde sentir
uma mudança, ele já não respirava mais tão profundamente e seu corpo buscou o
dela de forma desengonçada e sonolenta. Ela sorriu quando ele gemeu baixinho e
tentou murmurar alguma coisa. Lentamente ele abriu os olhos e ela podia jurar
que seu coração havia perdido uma batida.
Quando seus olhares se encontraram ele
sorriu e ela não pôde fazer absolutamente nada além de sorrir de volta da forma
mais sincera que já sorriu na vida. Sentiu vontade de chorar por conta da
intensidade daquilo que acontecia dentro dela. Ela sabia que o amava. Sua mente
não tinha dúvidas. Sua alma então... Mas quando seu corpo decidia que tinha que
provar que o amava...
Ele puxou seu corpo para mais perto e
ela aproveitou a deixa para beijar sua boca. Impossível descrever o calor
que se espalhou por seu corpo, o gosto adocicado que tomou conta de sua língua
e a sensação de puro deleite que fazia tudo ao seu redor se resumir a ele. Ele
era seu norte.
Só morri agora haha amei o texto, muito bem escrito ♥
ResponderExcluirMuito obrigada, fico muito feliz que tenha gostado <3
Excluir