Resenha: Pó de Lua

Fiquei curiosa a respeito do livro Pó de Lua desde que vi todos os comentários positivos a respeito das páginas coloridas e desenhadas. A capa me chamou a atenção logo de cara, parecia ter sido desenhada ali mesmo com toda a sua sutileza. Mais uma vez fui surpreendida por um livro diferente e muito bem montado.

"Sou Clarice de Souza Freire. Pernambucana, recifense e nascida entre gotas de chuva, em junho de 1988. Aprender a usar as palavras foi uma solução para acalmar as inquietações que borbulhavam por dentro desde muito cedo. Admirada com os desenhos da minha mãe e brincando de completar os versos do pai, gostava simplesmente de dizer. Com uma infância dividida entre as brincadeiras de quintal no interior e a vida agitada da cidade grande, me encanto fácil com as coisas mínimas e quase imperceptíveis, sem perder o gosto pela grandeza da vida.

Uma noite ouvi falar que a lua era bela porque mesmo sendo só areia deixava refletir a luz de outro e, por isso, nossas noites não são escuras. Daí veio a inspiração para o meu blog e página no Facebook, o “Pó de Lua – para diminuir a gravidade das coisas.” Um lugar para escrever desenhando. Com a ausência de peso, as palavras flutuam entre objetos que viram pessoas, pessoas que viram palavras e palavras que viram poesia cheia de delicadeza, mesmo nos lugares – e corações – mais pesados.”

            “Pó de Lua” é uma coletânea de pensamentos em forma de poemas e desenhos engraçadinhos que de alguma forma fazem parte da mensagem que a autora quer passar. O livro é dividido em quatro partes, as quatro fases da lua; minguante, nova, crescente e cheia.

Lua Minguante

“[...] Não vivo de passado, mas confesso que ele passa por mim um tanto mais que o esperado. [...]

            A impressão que tive durante grande parte do tempo em que passei as páginas, foi a de que Clarice escreve com a simplicidade de uma criança que vê uma grandeza em cada minúcia da vida com pensamentos e certezas de uma mulher. É fácil se identificar com os sentimentos ali escritos, com pequenos grandes poemas. É aquele tipo de livro que te faz sorrir à medida em que passa as páginas; são sentimentos cotidianos contados de uma maneira mais colorida e bonita.

Lua Nova

“[...] A Lua Nova se contradiz. Escondida, encolhida, fala a voz muda que não se diz. [...]

            Cada página conta uma pequenina história com enormes significados. É um livro inconstante e muito subjetivo. Cada um lê de um jeito, cada um vê um significado que o outro não viu, cada um se identifica com aquela frase que saltou da página como se tivesse sido de propósito. Ao mesmo tempo em que eu saía dos meus pensamentos habituais a respeito de algumas simplicidades, à medida em que passava as páginas fiquei encantada com novas perspectivas, às vezes tão simples e tão incríveis.

Lua Crescente

“[...] Sabia, olhando para trás, que clareava. Que era uma tira tímida no nada. Mas ninguém tirava dela a cara de risada iluminada.

            Nunca fui do tipo que amou poesia, sempre admirei mas nunca me encantei. Com Pó de Lua foi diferente. Os poemas são pequenos, alguns não passam de frases, mas me cativaram de uma maneira nova. A criatividade com que os poemas e frases são completados e completam os desenhos fez com que passar as páginas fosse muito fácil. Você se diverte lendo, passa as páginas sem perceber que está passando. É aquele tipo de leitura fácil, prazerosa. Encantadora.

Lua Cheia

“[...] Eu admiro a Lua Cheia. Ela não incendeia a noite por si só, mas festeja o belo de ser reflexo de areia. Lampejando a escuridão mesmo sendo apenas pó.

            As páginas são recheadas de metáforas, recheadas de grandes belezas. Clarice abusou de sentimentos, de pequenas grandezas, de analogias, de desenhos e da criatividade. É um livro delicioso de ler, quem gosta de filosofias cotidianas agarra Pó de Lua e não solta mais. Quando virei a última página me senti um pouquinho mais leve, vi tudo um pouquinho mais colorido.

            Pó de Lua é um livro que pode ser lido de várias maneiras. Para os mais ansiosos dá para passar todas as páginas em meia hora, é um livro extremamente fácil de ser lido. Para aqueles que preferem absorver tudo um pouco mais, é perfeito para levar na bolsa ou deixar na escrevaninha para ler quando der vontade, quando estiver precisando de um pouco mais de cor no cotidiano. É reconfortante saber que ainda existem pessoas cheias num mundo cheio de pessoas vazias. Clarice disse algo do tipo no livro e não pude deixar de concordar. É um livro que vai enfeitar muito bem a minha estante e que com certeza vai ser relido algumas vezes mais.

Pó de Lua foi escrito por Clarice Freire e publicado no Brasil pela editora Intrínseca.

            Classificação: 5/5 estrelas.

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