Resenha: Cozinhar - Uma história natural da transformação
Um dos
motivos pelos quais fiquei muito feliz pelo Nostalgia Cinza ter sido um dos
blogs escolhidos pela editora Intrínseca para parceria, está relacionado ao
conteúdo dos livros publicados pela editora. São livros diferentes daquilo que
normalmente opto por ler. Sempre digo que eles me tiram da minha zona de
conforto e pretendo continuar escolhendo livros que me façam abrir a mente para
novas histórias, conteúdos e conhecimentos. Dessa vez, saí completamente da
minha zona de conforto literária; sempre fui dessas “amo comer, morro de
preguiça de cozinhar”. E qual livro escolhi? Cozinhar – Uma história natural da
transformação.
"Nos
dias de hoje, diante de uma vida atribulada, as pessoas pensam cada vez mais em
comida, embora dediquem cada vez menos tempo ao preparo de suas refeições.
Preocupam-se com a quantidade de calorias ingeridas e com a qualidade dos
ingredientes, mas reservam mais horas para assistir aos programas de culinária
na TV do que efetivamente passam dentro da cozinha. E enchem a despensa com
produtos industrializados supostamente “saudáveis”. "
O
que me chamou a atenção logo de cara foi a frase simples e objetiva do livro: “A certa altura, já no fim da meia-idade,
fiz uma descoberta inesperada, porém feliz: muitas das perguntas que mais me
preocupavam tinham na realidade uma única resposta. Cozinhar.” Nunca diria
que cozinhar não é importante, afinal, cozinhar é algo estritamente necessário
para nós; mas nunca pensaria como algo tão presente em nossas vidas de inúmeras
maneiras. Michael Pollan mudou muito o meu jeito de ver um processo tão
ancestral e presente como cozinhar.
O
livro é dividido em partes e vou falar um pouquinho sobre cada parte.
FOGO
“Essa
minha arte é um império de fumaça.”
Na
primeira parte, Michael Pollan discorre sobre como ele se encanta pela história
do verdadeiro churrasco de porco tradicional americano. Esse é o objetivo principal, mas
ao longo dos capítulos, Pollan quase que conta uma história sobre como o fogo alterou
completamente a história do homem; em todos os sentidos. Além de contar com
fatos históricos, o autor também conta histórias de pessoas envolvidas com
churrasco e como ele foi inserido nesse cotidiano.
ÁGUA
“Água
é H2O: duas partes de hidrogênio, uma de oxigênio. Mas há também uma terceira
coisa que forma a água, e ninguém sabe o que é.”
Nessa
parte, Michael Pollan começa uma dissertação sobre picar cebolas. Não, não é
simples como parece. Ele apresenta uma analogia que é repetida várias vezes durante
a narrativa: “Ao picar cebola, simplesmente pique cebola.” Nesses capítulos
Michael nos apresenta mais uma pessoa que conheceu graças ao gosto pela cozinha
e conta um pouco da história da mesma, como um hábito tão banal mudou
completamente sua vida. Além de abordar questões do cotidiano de sua própria
família, como o hábito de comer juntos à mesa, etc.
AR
“O
pão é mais velho que o homem.”
Essa
é uma das partes mais interessantes no que diz respeito à história da
culinária. Michael Pollan apresenta inúmeros fatos sobre como um alimento tão
simples como o pão pode ser tão essencial no cotidiano das gerações. É um dos
alimentos mais antigos do mundo e ainda sim se mostra constantemente presente
em todas as partes do mundo. Pollan conta nesses capítulos sua experiência de
fazer seu primeiro pão caseiro e como ele quer saber mais sobre um alimento tão
banal e essencial.
TERRA
“Nenhum
poema escrito por quem bebe água pode durar para sempre.”
Nessa
parte, o autor escreve um pouco sobre os alimentos que vêm da terra e como eles
evoluem para alimentos mais “complexos” até chegar aos nossos pratos. São
capítulos que comprovam e aplicam sua teoria de que cozinhar é uma história
natural de transformação. Além disso, é a parte mais “viva” do livro; Michael
escreve a respeito de bactérias que fazem parte dos processos de fermentação,
fungos, micróbios, etc. São capítulos ricos em biologia e aplicação prática do
conhecimento a respeito da natureza. Michael Pollan apresenta mais pessoas com
histórias culinárias cativantes e deliciosas.
No
epílogo, Michael Pollan deixa explícito como cozinhar se tornou algo importante
para ele tanto como profissional quanto como pessoa. Sua narrativa é fácil de
ser lida e flui bastante, o que conta muitos pontos para um leitor que, como
eu, não está nada acostumado a ler sobre culinária. A forma como Pollan
descreve fatos e acontecimentos históricos é contagiante, não percebi o tempo
correndo à medida em que passava as páginas. Adoro história, então encontrei um
conforto e uma surpresa enquanto lia mais a respeito de sua fascinação pelo ato
de cozinhar.
Cozinhar
foi um livro que me surpreendeu de uma maneira muito positiva. Apesar de não
ser um livro que consegui devorar de vez – haha – fiquei bastante contente em
aprender sobre história de uma parte importante da culinária americana e até
mesmo oriental. Fiquei feliz em sair da minha zona de conforto e perceber o
quanto esse hábito tão importante muitas vezes passa despercebido por nós.
Cozinhar é algo inevitável, mas que costuma ser deixado de lado.
O
livro termina com um anexo que me deixou ansiosa e hesitante. Michael Pollan
apresenta quatro receitas básicas; uma para cada parte do livro: fogo, água, ar e terra. Receitas
abordadas por ele ao longo da narrativa. Com uma explicação fácil, didática e fluente,
as receitas não parecem ser impossíveis, apenas elaboradas. Tenho certeza de
que se alguém adora cozinhar, essas receitas parecerão irresistíveis. O segundo
anexo mostra uma coletânea de livros sobre culinária que são relevantes ao ver
de Michael Pollan.
Fiquei
contente em continuar com a minha decisão de sair da minha zona de conforto,
aprendi mais do que esperava, acho que isso conta mais do que qualquer coisa.
Para aqueles que cultivam o hábito de cozinhar e têm curiosidade a respeito do
assunto, ou até mesmo para aqueles que querem seguir meu exemplo e ler algo
inédito, Cozinhar é a medida certa. Com uma leitura fácil, leve e deliciosa,
Cozinhar vai surpreender muita gente, não é à toa que Michael Pollan foi
apontado como uma das pessoas mais influentes do mundo.
Cozinhar foi escrito
por Michael Pollan e publicado no
Brasil pela editora Intrínseca..
Classificação: 4/5
estrelas.
“O saber das mãos
envolve algo mais do que mero sabor. É a experiência infinitamente mais
complexa de uma comida que oferece a inconfundível assinatura do indivíduo que
a fez – o cuidado, o pensamento e a peculiaridade que aquela pessoa colocou na
obra que preparou. O sabor das mãos não pode ser falsificado [...]. Compreendi
de imediato: o sabor das mãos é o sabor do amor.”
Gostou da resenha?
Já leu o livro ou ficou com vontade de ler? Não deixe de comentar!
8 comments
O livro é muito diferente do que eu costumo encontrar, achei super interessante e a foto com os talheres ficou muiiiito criativa! Conheci seu blog por acaso e tô apaixonada! raramente visito cult blogs, mas amei o seu e pretendo voltar mais vezes! Não me decepcione loira! haha ah, já curti a page! Muito sucesso menina <3
ResponderExcluirbeijos, Vanessa! http://blogameninamoca.blogspot.com
Muito obrigada pela visita e pelo comentário, já fez minha noite! ahaha Fico muito feliz que tanto o post quanto o blog tenham te agradado, espero que continue assim. Tomara que continue visitando o NC e que eu não te decepcione mesmo. Já estou seguindo seu blog e curti a page também, vou acompanhar ;) Obrigada pela simpatia <3
ExcluirNunca li um livro do tipo, mas sempre tem a primeira vez. Me interessei!
ResponderExcluirhttp://www.meucotidiano.com ,
@priscilafrr / [Fan page] / [Sorteio de Natal]
beijo.
Foi o primeiro livro do tipo que li, não me arrependi. É sempre bom variar um pouco a leitura ;)
ExcluirÀs vezes é bom ler algo que sai um pouco da zona de conforto, você acaba descobrindo coisas novas e vária um pouco a sua leitura. Eu fiz isso com o livro "Selvagens", do Dom Winslow, e que por sinal é da mesma editora.
ResponderExcluirE a resenha ficou ótima, parabéns!
Bjs e boa sorte com o blog!
http://escritorawhovian.blogspot.com.br/
Oi, Bruna! A editora Intrínseca é fantástica no quesito livros diferentes, ela não segue um padrão, o que é muito bom ao meu ver. Não ouvi falar desse livro, é bom?
ExcluirMe deu uma fome...rsrsrs
ResponderExcluirParece ser bem interessante.
Ei,
Quer falar sobre nossas diferenças acesse:
http://garotadiferentenomundo.blogspot.com.br
Os primeiros post's falam sobre diferença de personalidade e gosto musical e filmes.
É muito interessante sim!
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