Ela estava sentada sozinha no meio da calçada. Chorava
silenciosamente, tentava ser discreta. A maioria das pessoas nem percebia, seu
rosto não estava vermelho graças a Deus. Ela precisava respirar um pouco,
precisava ver pessoas, observá-las um pouco. Algumas lágrimas rolavam
silenciosas por seu rosto.
Ele estava passando por ali, fazia sua corrida de todos os
dias, até que viu sentada sozinha uma mulher com um sorriso triste e um olhar
distante. Tirou os fones de ouvido e sentou-se ao lado da solitária.
Ela o olhou um pouco assustada. Limpou algumas lágrimas com
as costas da mão e olhou tímida para o garoto.
― Quer um lenço? ― o homem sorriu.
― Você carrega um lenço com você? ― ela o olhou com um
sorriso debochado.
― Não ― ele riu. ― Mas eu ia te oferecer minha camisa.
― Você sempre oferece suas camisas para estranhas sentadas
na rua?
― É um ato bem comum na Itália sabia?
― Ah, claro. ― ela riu baixo. Suspirou e continuou
observando as pessoas, os carros. Ele ficou em silêncio, tentou fazer o mesmo
que ela.
― Por que você está sentado aqui? ― ela perguntou não
querendo ser rude.
― Você é a primeira garota que vejo sentada assim. E não
queria deixar alguém assim chorando sozinha. ― ele sorriu torto.
― Não estava chorando ― ela mentiu. Ele ficou calado, não
tentou insistir.
― É idiota.
― Como? ― ela se virou para olhá-lo.
― A pessoa que fez isso com você. É idiota.
Ela deu um sorriso triste, seus olhos ficaram úmidos
novamente. ― É, eu sei. Estou cheia de idiotas na minha vida, mas sou burra de
acreditar que alguns deles podem valer a pena. ― Ela passou as costas das mãos
nos olhos para impedir algumas lágrimas de caírem.
― Não te culpo. Alguns idiotas podem sim valer a pena.
― Mas dói muito esperar por eles. Machuca muito. ― Droga,
mais lágrimas surgiam em seus olhos. Por que ela estava chorando sentada ao
lado de um estranho? Ela nunca chorava na frente dos outros.
― Vem ― ele levantou de repente e estendeu a mão para ela.
Ela ficou parada apenas o olhando. Aonde ele queria chegar com aquilo? ― Vamos
andar um pouco e depois tomar alguma coisa.
― Por que você está fazendo isso? ― ela perguntou hesitante
ao segurar sua mão estendida.
― Não vou te deixar sozinha. Vai que mais idiotas aparecem e
te machucam ainda mais. ― ele sorriu ajudando a garota a se levantar.
― Quer saber? ― ela perguntou assim que eles começaram a
caminhar. As lágrimas voltaram ao se sentir um pouco segura, confortável ao
lado de alguém como ele. ― Aquela camisa cairia bem agora.Mais um dos diálogos que desenterrei do meu cantinho no Tumblr. Adoro ficar revirando algumas coisas.
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