Sobre Nossas Asas e Âncoras
Um pequeno devaneio a respeito de uma
eterna procura
Viemos ao mundo sozinhos. Vamos deixá-lo da mesma
maneira; desacompanhados. Então por que sentimos a necessidade de encontrar
alguém que nos faça sentir um pouco mais seguros? Alguém para nos aconchegar um
pouquinho? Se vamos terminar exatamente como começamos, por que nos sentimos
incompletos a menos que haja alguém para apertar nossa cintura carinhosamente
ou colocar uma mecha de cabelo atrás da orelha? Alguém para dizer exatamente
aquilo que precisamos nos momentos que precisamos, alguém para rir um
pouquinho, aliviar o peso da constante seriedade que nos rodeia. Se nascemos
para ser solitários, por que precisamos encontrar alguém que sopre esse
sentimento para longe?
Alguns de nós são espontâneos, fáceis e abertos a todo
sorriso novo, qualquer risada diferente já encanta, como um convite. Outros são
mais trancados, duros na queda, quase impossíveis. No fundo buscamos a mesma
coisa, a mais simplória de todas: alguém para nos fazer sentir em casa. Alguém
para ser a nossa casa. Algumas pessoas buscam asas, para poderem voar sem medo
de cair e dar de cara no chão. Tudo o que outras querem é uma âncora para
ajudar a manter as coisas no seu devido lugar.
Sou dessas que se força a acreditar que nascemos e
morremos para dar a cara a tapa, sozinhos. Na realidade estou sempre com
barreiras erguidas e soldados a postos. Quem diria que isso viria de uma
romântica incorrigível?
Chegar em casa e encontrar alguém te esperando, dormir
com braços quentes e cuidadosos em volta do corpo, acordar com o olhar
sonolento daquela pessoa que faz seu coração bater um pouquinho mais rápido.
Por que isso vale tanto se no final não vai fazer diferença? Talvez seja
exatamente por isso.
Talvez, na tentativa de provar que pequenos gestos de
carinho mudam a solidão que nasceu conosco, realmente mostramos que não somos
tão sozinhos assim. Talvez, não tenhamos nascidos tão solitários afinal. Quem
sabe a solidão não seja apenas um passo, um trecho do caminho? Talvez sejamos
como as conchas, metades de um inteiro. Um lindo, engraçado e distante inteiro.
Talvez estejamos por aqui buscando nossas asas e
âncoras. Ou, quem sabe, sejamos simples como as conchas, apenas procurando
nossa outra parte, aquela metade que vai se encaixar perfeitamente em nós e
fazer toda essa busca idiota valer a pena.
6 comments
Você escreve muito bem!!!! Esse texto foi feito hoje?
ResponderExcluirMuito obrigada, de verdade!! Foi sim, por que?
ResponderExcluirPra saber como as ações do seu dia a dia afetam nos textos que você escreve.
ExcluirEscrevi há uns 2 dias mas só editei e terminei mesmo hoje.
ExcluirAchei seu blog muito fofo, inclusive já curti no face!
ResponderExcluirBeijos
http://www.overdosetrend.com
Fico feliz e muito agradecida, espero que continue visitando sempre :)
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