"Ela
estava cansada. Exausta para ser mais exata. E toda aquela música ensurdecedora
não estava melhorando em nada seu humor. Seus saltos pareciam esmagar seus pés,
estava cansada de usar um vestido, ela odiava aquilo.
Foi até o bar já sentindo seus olhos arderem.
— Que tipo de bebida devo preparar para a
senhorita? — O homem sorriu com uma sobrancelha erguida demonstrando
curiosidade.
— Honestamente? — Ela se apoiou no balcão. — Não
faço ideia. Odeio bebida, odeio beber, odeio gente bêbada.
Suspirou.
— Então por que está aqui? — Ele parecia curioso, mas não tirava aquele
maldito sorriso do rosto.
— Por que preciso matar algumas coisas dentro de
mim.
— E você acha que a bebida vai matá-las? — Ele
riu.
— Estou aqui para descobrir, não é? — Ela tentou
sorrir, acabou virando uma careta. — Então, por favor, algo forte. Mas não o
suficiente para eu ter que voltar acompanhada para casa.
Ele riu novamente enquanto escolhia uma das
inúmeras garrafas na parede e pegava um copo pequeno.
— Sabe, eu sei o que você está pensando. — Ela
sentiu a necessidade de dizer enquanto ele despejava um líquido laranja escuro
em seu copo. — Mas não sou dessas que se desespera por atenção e acha que
bebendo vai conseguir.
Ele não disse nada, apenas entregou o copo e
observou com olhos atentos.
Ela levou o copo até a boca e tomou um pequeno
gole. Sentiu aquilo queimar sua garganta até o estômago e tossiu por alguns
instantes.
— Eca! — Tossiu mais um pouco. — Mas que… — Mais
tosse.
Ele não conseguia parar de rir.
— Conseguiu o que queria?
— Não… — Ela suspirou. Sentiu vontade de
arremessar aquele copo no meio da pista de dança. — Pra falar a verdade acho
que eu só piorei as coisas.
Silêncio.
— Ok, agora eu tenho certeza que você não é como
as outras.
— O que te fez chegar a essa conclusão? O fato
de eu ter chegado aqui e falado para um completo estranho que haviam coisas
dentro de mim que precisavam ser mortas ou foi minha crise por causa de
estúpidas bebidas alcoólicas?
Ele sorriu e ela gostou daquilo.
— Foi quando eu te vi em pé em um canto qualquer
fugindo de algumas pessoas só para poder tirar um livro da sua bolsa e ler por
alguns minutos. Você não é como as outras. Seu tipo é outro.
— Que seria… — Ela tentou não sorrir.
— O tipo que eu gosto. — Aquele sorriso
novamente, droga.
Ela estava sem palavras. Odiava aquilo. Estava
odiando muitas coisas ultimamente, ela pensou.
— Meu turno acaba em alguns minutos. Que tal eu
te tirar daqui antes que essa confusão dentro ai dentro acabe com você?
— Com uma condição. — Ela sorriu. Sinceramente
dessa vez.
— Diga.
— Sem bebidas."
Adorei os textos! Parabens!!
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