Uma crônica
sobre o dia depois do Natal
O dia 26 de
Dezembro traz uma certa nostalgia. Talvez maior ainda do que a do Natal. O 26
de Dezembro é como a calmaria depois de uma catástrofe, o cheiro de orvalho de
manhã bem cedo. Em alguns lugares ainda é feriado, em outros a data nem foi
comemorada. Algumas pessoas estão se recuperando de uma boa festa, já outras
seguem a vida como se nada tivesse acontecido. Algumas pessoas esperam o ano
inteiro pelo Natal, outras mal podem esperar pelo fim da comemoração.
Ao
contrário da grande maioria das pessoas que conheço, eu adoro a época de Natal.
Amo passear pela cidade e ver todas aquelas luzinhas enfeitando os prédios e as
praças. Adoro ir ao shopping e ver a decoração vermelha colorindo as lojas. Mesmo
em meio a brigas faço questão de montar todos os anos uma humilde árvore de
Natal e deixá-la da maneira mais colorida e baranga de todas. Gosto da
nostalgia que vem quando uma melodia natalina é entoada por uma caixinha de
músicas ou por algum Papai Noel dançante.
Gosto
de me sentar à mesa e observar os parentes compartilhando histórias engraçadas
e desenterrando casos que a maioria nem lembra. O truco de vez em quando dá o
ar de sua graça, mas o eterno “é pavê ou pra cumê” nunca deixa de aparecer. As
passas sempre são deixadas de lado e a ceia quase todas as vezes agrada. O
amigo oculto nem tão oculto assim, as piadas daqueles tios caretas e as típicas
perguntas sobre os namorados inexistentes. No meu Natal eu me reúno com todos
os outros primos, fazemos piada sobre a tia querida mas inconveniente, fazemos
graça uns com os outros e falamos do nosso passado em família como se fossemos
os mais velhos da mesa. O riso vem fácil e as memórias também. Quando a ceia
termina, a última garfada na sobremesa acontece e alguns já se levantam para ir
embora, é impossível não se perguntar como será o ano seguinte.
Acordo
no dia 26 sem conseguir deixar de pensar que está faltando alguma coisa. Vejo
os presentes já abertos em baixo da árvore, as sobras da ceia da noite anterior
e as conversas sobre como aquele amigo da família se comportou de maneira
desagradável durante o jantar. A vontade de desmontar a árvore já aparece, os
presentes começam a ser guardados e aos poucos o sentimento natalino vai indo
embora. O dia 26 de Dezembro é o único dia que começa Natal e termina como
outro qualquer.
O
dia 26 de Dezembro é dia de pensar no ano novo, no que o ano seguinte pode
representar. É dia de começar a arrumar as malas para voltar para casa e
continuar a rotina de maneira um pouquinho mais revigorada. Desfazer as malas
em casa, começar a usar os presentes, planejar o que fazer no resto do verão. O
ano vai terminando e aos poucos a animação natalina também vai se esvaindo.
Espero
sempre que o Natal do ano seguinte seja melhor e satisfatório na medida do
possível. Mesmo não sendo perfeito, é o meu Natal e pronto, vou viver com isso.
Enquanto guardo todos os enfeites de volta nas caixas, mal posso esperar para
desembrulhá-las novamente ano que vem, sentar à mesa na casa da minha avó e
pensar sobre como essa época vermelha deixa minha nostalgia um pouquinho menos
cinza.
Espero que tenham tido um ótimo Natal e, caso contrário, não se esqueçam que o ano seguinte sempre pode nos surpreender.
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