Seu
celular começou a tocar ao lado de sua cama. Ela estava ali deitada o dia
inteiro. Não que estivesse com sono, mas precisava estar ali. Achava que dormir
faria aquela dor cessar um pouco, talvez dormir afastasse aqueles
pensamentos desagradáveis. As lembranças a atormentavam. Procurou com esforço o
aparelho e o nome na tela fez seu coração doer de novo. “Hora de ser forte”,
ela disse a si mesma.
― Oi
― Ela murmurou.
―
Decidiu me atender hoje? ― ele brincou. Ela não respondeu, sentir aquela dor
aguda não a ajudava. ― Como você está?
― Por
que você está me ligando? Você também não atendeu quando eu te ligava.
Ele
permaneceu em silêncio por um tempo antes de achar as palavras.
― Eu
achava que se te ignorasse como você tentava fazer comigo, seria mais fácil.
― E
por que está me ligando agora? ― Aquelas lágrimas ameaçavam voltar aos seus
olhos, engoliu com força.
―
Porque… ― ele parou. Suspirou. ― Não tem um porquê.
O
silêncio voltou a gritar.
―
Sinto sua falta ― os dois disseram juntos.
―
Volta pra mim? ― ele pediu com um sorriso.
― Não
― Ela respondeu com as lágrimas rolando pelo seu rosto. ― Digo, não sei. Dói
demais. ― ela fungou.
― Mas
dói ficar longe de você… ― ele apertou o telefone.
― Eu
sei, como sei… ― ela se encolheu debaixo
dos cobertores procurando conforto.
O
silêncio voltou. Ambos machucados com aquelas palavras. Ambos queriam estar
juntos.
―
Você está deitada na cama não está? ― ele perguntou de repente. Ela não
respondeu, onde ele queria chegar com aquilo? ― Detesto saber que você está
assim, sozinha.
―
Queria que eu estivesse com alguém?
― Sim
― ele disse. ― Comigo.
―
Isso é meio impossível. Não só pela distância…
―
Vamos dar um jeito nisso?
― O
que quer dizer?
― Não
vou mais te deixar sozinha e sei que você também não quer mais isso. E não
quero mais te ver chorando, ainda mais por mim.
― É
fácil falar ― ela murmurou e fungou novamente. Que droga, as lágrimas não
paravam mais de cair.
―
Para de ser teimosa.
―
Para de ser insistente ― ela riu involuntariamente.
―
Viu, fiz você rir ― ele sorriu do outro lado da linha. ― Não vou mais te deixar
sozinha, quero ver minha teimosa rir mais vezes por minha causa.
―
Idiota. ― ela sorriu.
― Sou
um idiota mesmo. Mas um idiota que trouxe pizza, então abre logo essa porta.
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