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25 de nov. de 2013

Meu Cinza

            "Eu gostaria de viver em um mundo um pouco menos cinzento. Talvez eu viva em um mundo só meu, onde as cores que vejo só são vistas por mim. Onde os sentimentos são apenas sentidos por mim e por mais ninguém. Honestamente, não sei se isso é algo bom ou ruim. Eu gostaria de poder compartilhar minha escuridão com alguém. Gostaria de poder dividir esse lado obscuro de mim com alguém que não vai sair correndo em direção ao último resquício de luz assim que tiver a chance.
            Observadora como sou, às vezes eu gosto de parar e olhar em volta, tentar encontrar alguém com um brilho diferente. Sabe, todo mundo é tão igual... são todos tão vazios. Será que não existe uma pessoa por ai que tenha algo mais interessante para compartilhar com o mundo do que quantas festas ele terá nesse final de semana? Será que ninguém mais se preocupa em deixar algo válido para trás quando não estiver mais aqui?
            Tento sempre pensar que existem algumas pessoas capazes de colorir esse mundo tão preto e branco. Nos meus momentos mais escuros, rio de mim mesma e penso que sou idiota por acreditar tão ingenuamente que pode haver um brilho diferente por ai. Mas logo depois penso: se for mesmo verdade, qual o sentido disso tudo? Sou obrigada a conviver comigo mesma e com esses pensamentos diariamente, mais do que eu gostaria ou sou capaz de suportar para falar a verdade. Sempre digo que apenas uma pessoa é capaz de curar outra pessoa. Mas quantas pessoas estão por ai abertas e dispostas a curar outra? Talvez não existam tantas pessoas precisando ser curadas por ai quanto eu penso, talvez eu seja a única mesmo. Quem sabe?
            Odeio ficar centrada em um mundo sem cores. De vez em quando, se eu prestar bem atenção, consigo ver um azul ali, um rosa aqui. Nada que dure muito tempo. De um jeito ou outro, o meu cinza sempre acaba voltando e fazendo com que as outras cores mais claras se tornem meras submissas. Eu acabei me acostumando com essas cores sem vida e acho que é isso o que mais me entristece. Essa comodidade, esse sentimento de que nada vai mudar.
            Sabe, um pouco de cinza não faz mal a ninguém no final das contas, o problema é quando ele se faz constantemente presente. O que, infelizmente, aconteceu comigo. Tudo bem, um dia quem sabe ele finalmente me deixe em paz? O problema é que não sou lá a pessoa mais paciente desse mundo. Detesto esperar para ser bem sincera. Ando detestando muita coisa ultimamente: esperar, criar expectativas, esperar demais das pessoas, e mais uma infinidade de coisas. Mas fazer o que? É a vida. E de vez em quando ela é cinza.

            Acho que no meu devaneio da vez, eu pedi por alguém. Alguém que entendesse. Alguém que procurasse ajudar. Alguém me enxergasse quando nem eu mesma me enxergo, sabe? Eu esperei. E nada. De novo. Acho que a única coisa a fazer é continuar esperando, não é? Correndo atrás de dias mais amarelos, azuis, verdes e rosas. Mas enquanto eles não vêm, vou tentar ver o lado branco desse meu cinza constante."


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